A marca de 100 dias de governo é emblemática e tradicional na cobertura
política e análise de governos. O que o prefeito Allyson Bezerra
(Solidariedade) fez nestes 100 dias? Esta pergunta é repleta de respostas e
nenhuma se mostra positiva para a atual gestão. A promessa de que dias melhores
viriam, de que Mossoró passaria por uma grande mudança, uma revolução, que iria
conhecer o jeito ideal, moderno e eficiente de se administrar caiu por terra.
Nada, absolutamente nada do que foi dito na campanha eleitoral do ano passado
chegou a ser, efetivamente, concretizado. Perdeu-se entre o real e a fantasia.
Contudo, estes 100 dias mostrou, realmente, o quão perdido o prefeito
esteve. Cometeu gafes memoráveis, como, por exemplo, a de acusar a gestão
anterior de não lhe passar o acesso contábil da prefeitura, quando bastaria ele
fazer um registro (login) junto à Caixa Econômica Federal para ter acesso a
esses dados. Esse fato externou, da parte dele, despreparo e evidenciou que sua
equipe também seria igualmente despreparada.
Além disso, a história de uma dívida multimilionária não convenceu nem
ao prefeito em si. Ele quis passar a ideia de que a Prefeitura de Mossoró
estava quebrada e precisava reforçar a necessidade de decretar calamidade
financeira. Contudo, essa versão não pegou bem e aos olhos do povo o que ficou
nítido uma prática nada republicana, tal iniciativa seria justificada para
contratar sem licitação, especialmente contratos de combustíveis, um de cerca
de R$ 1 milhão e outro da ordem de R$ 4,9 milhões .
A ideia dessa dívida se mostrou tão estapafúrdia que apenas uma suposta
dívida que a prefeitura teria com o extinto bandern, (dívida que não
existe porque o banco acabou) na ordem quase R$ 10 mi. Somente os juros
fariam esse débito ser na casa de centenas de milhões de reais. E isso foi
contabilizado, mas definitivamente, não convenceu.
O que marca também os 100 dias da gestão Allyson Bezerra diz respeito à
letargia e uma negativa forte no início de vacinar a população nos finais de
semana ao contrário de outros municípios (quase todos). O prefeito não se
mostrou, em nenhum momento, sensível às necessidades de quem estava à mercê – e
ainda está – do novo Coronavírus e arriscando sua vida como idosos e pessoas
com morbidade.
E foi preciso haver reação da população, da oposição e a crítica final
que fez o prefeito mudar de discurso e dizer que era possível vacinar foi uma
postagem da ex-prefeita Rosalba Ciarlini sobre o problema. Duas horas depois
desse fato o prefeito fez uma live, prometendo vacinação nos finais de semana.
Tal fato fez muitos mossoroenses atribuírem até mais a Rosalba do que o próprio
Allysson a mudança de itinerário. Ele apenas evidenciou com isso que não estava
fazendo esforço algum antes, nem planejamento para atender aos grupos
prioritários com a vacina contra a Covid-19.
Em linhas gerais, os 100 dias são marcados por um prefeito que gosta de
fazer muita mídia e marketing sobre pequenas coisas e obrigações
corriqueiras de uma prefeitura como limpar ruas. Diga-se de passagem: a limpeza
urbana mostra-se pior nestes 100 dias . Inaugurou obras, as quais mais de
90% foram feitas pela gestão anterior. Allyson se mostra craque em fazer
estardalhaço sem necessidade. E chega ao ponto de ser deselegante com sua mania
de aparecer. Tanto que em placas que constam dos equipamentos públicos
entregues deixados praticamente prontos por Rosalba, o prefeito colocou
seu nome surge em letras maiores do que os homenageados que dão nome ao posto
de saúde e à creche em questão. Uma descortesia aos homenageados.
Para completar a série de gafes dos 100 dias de gestão, teve a festa de
aniversário feita para a primeira-dama Chinthia Raquel Pinheiro realizada no
Salão dos Grandes Atos do Palácio da Resistência, além de gravação de mensagem
alusiva ao Dia da Mulher, também pela primeira-dama dentro da Prefeitura.
Dentro do partido Solidariedade é dado como certo o lançamento da esposa
candidata a deputada estadual e tais iniciativas seriam um preâmbulo desse
projeto. Mas, para tal, usa a estrutura do poder público municipal. Muito papo
e pouca ação.
Para concluir, os 100 dias
de gafes, o prefeito praticamente esconde as obras do Finisa, que se configura
como um “presente de ouro” deixado por Rosalba Ciarlini ao seu sucessor.
Recursos para 40 obras conseguidos pela antecessora. Mas muitas obras estão
paradas e/ou foram arrasadas, bem como calçamento de ruas com emendas do
Deputado Federal Beto. Existem queixas concretas de salários em atraso, como o
pessoal que trabalha na Almeida Castro que não recebe o repasse da Prefeitura
há dois meses e também de funcionários terceirizados. Esses 100 dias tem a
marca de muita história mal contada e o silêncio de 90% da imprensa. Nenhuma
ação efetiva. Nenhuma reforma. Nada de grandioso como ele prometia em seu
discurso. Até agora, só decepção. Hoje , chega a notícia, enfim de uma nova
mudança de Allysson, a do brasão oficial da Prefeitura que terá um destaque
maior da cor azul. Artifício de velha política em pleno 2021.