A vereadora Isolda Dantas (PT), afirmou que o discurso de igualdade
entre homens e mulheres na sociedade é falso, sendo igualmente falacioso o discurso
de que houve conquistas. Ela tem como base a onda de violência que ainda é
elevada contra as mulheres. Somente no RN este ano 16 mulheres foram
assassinadas violentamente. Isolda afirma que Mossoró ocupa a 75ª posição no
ranking de cidades onde a violência contra a mulher se faz presente. Nesta
entrevista, a vereadora comenta sobre o tema, bem como a reforma da Previdência
Social, tema de audiência pública proposta por ela e que aconteceu ontem na Câmara
Municipal. Confira abaixo a conversa:
Apesar dos avanços e
conquistas das mulheres na sociedade, a questão da igualdade deixa a desejar,
especificamente com relação á violência. Somente este ano, 16 mulheres foram
mortas no RN e esse número, no Brasil, supera em muito a realidade local. O que
se pode afirmar sobre a realidade de hoje?
É falso dizer que nós, mulheres, conquistamos a igualdade. Não é
verdade. Os dados da violência mostram que Mossoró0 é a 75ª cidade que mais
mata mulheres, onde as mulheres são mortas por companheiros ou ex-companheiros.
Isso é um dado alarmante em nossa cidade. Mossoró é uma cidade que tem
pioneirismo na liderança das mulheres, mas é uma cidade que violenta muito as
mulheres. E isso é uma prova de que a igualdade está longe. Estamos muito
distantes da igualdade, porque não usamos as roupas que a gente quer. Não vamos
aos lugares que a gente quer. Ainda somos obrigadas a escutar piadas,
assobios... Não ganhamos salários iguais aos homens, não temos as mesmas condições
de trabalho que eles têm. Temos uma sobrecarga de trabalho imensa, porque somos
as primeiras que acordamos e as últimas que dormimos. Cuidamos dos doentes, dos
deficientes e a sociedade não reconhece isso. Então, é falso esse discurso e
por isso o 8 de março é dia de luta para as mulheres. Costumo dizer que não me
dê flores nem bombons no 8 de março. Quero respeito e igualdade. Esse é o
melhor presente que a sociedade ou o homem pode dar à mulher: é respeito e
igualdade. Porque, na verdade, o 8 de março é para lutar por isso. Como não
temos essa igualdade nem esse respeito, seguimos militando para que isso
aconteça. A rua é a nossa grande arena de batalha.
Já que a senhora
falou em violência, essa reforma da Previdência seria um tipo?
A reforma da Previdência é ruim para todo mundo e, principalmente, para
as mulheres. É uma violência
institucional. É um absurdo o que está sendo feito. Não é possível... Mas isso é
fruto de um governo golpista, que desrespeita mulheres e a classe trabalhadora.
Então vamos cobrar dos deputados federais e dos senadores para que isso Não
seja aprovado porque é uma perversidade, especialmente para as mulheres e para
os nordestinos.
A senhora está no
primeiro mandato e foi indicada para liderar a oposição...
Nosso mandato vai ser responsável e nem faremos oposição irresponsável. Muito
pelo contrário. E com a liderança também. Fiquei muito honrada com a liderança.
Podem esperar muito respeito com o companheiro de liderança (do Governo), que é
Alex Moacir, uma pessoa agradável, respeitosa e que tem o mesmo tratamento
comigo. A sessão de ontem (terça-feira) foi uma demonstração do que vai ser a
legislatura, com debates fortes, mas com respeito e muita cordialidade, que é o
que um parlamento tem que apresentar para a sociedade. Esperem do mandato de
Isolda muito trabalho e muita mobilização, coerência e transparência. E com a
liderança, farei isso – nunca fui liderança de bancada, aprendendo com os
companheiros.
Muito se fala em ética
e respeito na sociedade...
Eu sou socióloga e isso é importante. Por isso que a reforma do Ensino Médio,
ainda bem, que ficou a Sociologia como obrigatoriedade. Na verdade, acho que a
escola é grande instrumento de promoção de ética e de transparência, mas os
parlamentos também são. Os políticos têm que dar exemplos. Não é virtude ser ético
e transparente. É obrigação do político. Então, as escolas podem ensinar, mas
as Câmaras Municipais e o poder Executivo têm obrigação de fazer isso para dar
exemplo á sociedade.