A Câmara
Municipal de Mossoró manifestou seu apoio à greve dos servidores municipais da
saúde. Um grande número de trabalhadores da saúde mossoroense compareceu ao
plenário da Câmara nesta quarta (17), recebendo, por meio de seus
representantes, espaço de fala durante a Sessão do dia, bem como tendo uma
reunião com os vereadores.
Os servidores
reclamam da posição da prefeitura que, a partir de liminar obtida na justiça,
busca limitar o movimento grevista pouco mais de dois dias após o seu início.
Os trabalhadores mostraram-se amplamente insatisfeitos com o tratamento
recebido da prefeitura. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos
Servidores Públicos de Mossoró (Sindiserpum), Gilberto Diógenes, para que a
greve seja terminada devem “ceder as duas partes, tanto nós, os servidores,
quanto o prefeito”, afirmou o sindicalista, defendendo que seus companheiros
não estão agindo de forma radical, razão pela qual classificou como “um
absurdo” a liminar contrária à greve. “Estamos aqui por um interesse comum: o
interesse pelo bem da saúde publica”, disse Gilberto Diógenes para justificar
sua incompreensão quanto à atitude da prefeitura. Afinal, para o sindicalista,
“greve, no serviço publico, se acaba na mesa de negociação”, conforme disse.
A presidente
do Sindiserpum, Maria Marleide da Cunha, também foi ouvida no plenário da
Câmara. Ela acusou a prefeitura de indispor-se à negociação, ignorando o
atendimento da pauta dos servidores. Maria Marleide da Cunha declarou que irá
cumprir a decisão judicial, de caráter liminar, de manter 60% dos profissionais
trabalhando e, para isso, irá solicitar junto à prefeitura a lista todos os
servidores da saúde, comissionados, tercerizados e efetivos. A presidente do
Sindiserpum defendeu que a morosidade do processo de estabelecimento legal do
plano de carreira dos profissionais da saúde consiste de outro fator que
justifica a greve atual.
Representando
o posicionamento prevalente na Câmara, o vereador Alex Moacir (PMDB) defendeu a
validade da greve. Ele expressou que gostaria de “pedir o bom-senso do governo
municipal, porque a greve é um movimento legal”, disse o edil, manifestando ser
contrário a ações que desconsideram que os servidores são, na verdade,
parceiros do governo. “Queremos que as partes sentem novamente porque o grande
prejudicado, além dos servidores, é a população”, disse Alex Moacir, que
informou ter tomado ciência de que a prefeitura manifestou a intenção de
colocar falta nos servidores que se ausentaram ao trabalho hoje, mesmo que em
função do movimento grevista. O edil entende que tal ação fugiria ao bom senso.
O apoio aos
grevistas também foi oferecido por outros vereadores, até mesmo por edis
ligados à bancada da prefeitura. Este foi o exemplo do vereador Soldado Jadson
(Solidariedade), que declarou aos grevistas: “todos os vereadores estão aqui
para apoiá-los (...) independente de bancada, esta Casa está aqui pronta para
ajudá-los”. De forma similar, o vereador Heró Alves (PT do B), ele próprio
funcionário da saúde pública de Mossoró, posicionou-se em favor dos grevistas.
“Contem sempre com o apoio deste vereador, independente de ser da bancada do
prefeito”, afirmou Heró Alves. Apesar disso, o vereador optou por não
confrontar a prefeitura de forma mais incisiva, dizendo que não votaria um
possível voto de repúdio contra o prefeito Francisco José Jr. “Não voto o
repúdio por questão de respeito, mas fica aqui meu voto de solidariedade”,
disse o edil, revelando sua posição solidária aos grevistas.
Também
funcionário do município e sócio fundador do Sindiserpum, o vereador Tomaz Neto
(PDT), por sua vez, posicionou-se de forma mais aguda contra a prefeitura.
Tomaz Neto afirmou que, buscando lidar de forma distinta com a greve, “o
vice-prefeito tentou diálogo com o prefeito e não conseguiu”, declarou. O vereador
discordou veementemente do entendimento da prefeitura de que a greve dos
servidores da saúde seria ilegal. Tomaz Neto expressou sua posição afirmando,
em declaração dirigida ao prefeito Francisco José Jr.: “Ilegalidade, prefeito,
é o senhor não respeitar o funcionário, não pagar a Previ dos funcionários que
está atrasada pela terceira vez (...) ilegalidade é Vossa Excelência ameaçar
uma classe tão digna”. Além de declarar seu apoio à categoria, o vereador fez
questão de convidar os profissionais da saúde para partirem das discussões,
correntes na Câmara de Mossoró, sobre a reforma da Lei Orgânica municipal.
O Presidente
da Câmara, vereador Francisco Carlos (PV), lembrou que a Câmara vem atuando de
forma recorrente em favor dos funcionários da saúde. O edil ressaltou que, em
Audiência Pública realizada na Casa, foi discutido, entre outros assuntos
relacionados aos profissionais da saúde, o piso salarial da categoria. Conforme
lembrou o Presidente da Câmara, a Audiência resultou na elaboração de um documento,
enviado para a bancada federal do estado, no qual é solicitada uma maior
celeridade no andamento de Projetos de âmbito federal concernentes à saúde
mossoroense. Francisco Carlos fez questão de apoiar o movimento dos grevistas
também pela congratulação à a postura dos profissionais, os quais, para
Francisco Carlos, estão realizando uma greve “de maneira muito ordeira, de
maneira bastante democrática, portanto, estão de parabéns”, conforme afirmou o
edil.
Fonte: Assessoria CMM