Todo ano de eleição é a mesmíssima coisa: amizades se desfazem, gente ofendendo gente e umas menosprezando a capacidade das outras. Uns se acham líderes e outros têm certeza. Alguns acham que podem dominar o mundo e outras garantem que dominam. Uns prometem e não fazem. Uns fazem mais, outros menos. Uns ganham e outros perdem. E, assim, a cada dois anos tudo volta com a mesma força de sempre e visando apenas o óbvio: a vitória de uns e a consequente sobrevida política de outros.
Em toda cidade é assim. As pessoas ficam divididas. Umas apoiam candidatos que têm respaldo político de prefeitos. Outros seguem seus partidos. Enquanto alguns, mesmo filiados ou simpatizantes de determinadas legendas partidárias, vão contrários às orientações. Tudo dentro da normalidade política, de algo chamado democracia.
Ocorre que uns exageram e partem para agressões baratas contra quem não compactua com determinadas ideias. E isso já foge ao pressuposto democrático e se transforma em ditadura. Obviamente que existem exceções. E, claro, no meio disso tudo estão os que se transformam em cabos eleitorais sem querer. É a regra. O jogo.
Depois do dia 5 vindouro, tudo tende a voltar ao que era antes: com discussões e ações realmente voltadas à coletividade. Não se quer dizer aqui que o que vem sendo feito tenha conotação eleitoral. Longe disso. Mas é que uns deixam claro que sim. Embora tudo fuja desse sentido.
É o caso envolvendo a Casa de Saúde Dix-sept Rosado, que sofreu três interdições judiciais e provocou grande problema para Mossoró e região. Não seria tarefa da Prefeitura de Mossoró assumi-la. Mas como a saúde é plena e a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte não poderia ficar sem maternidade, o prefeito Francisco José Júnior resolveu assumir a causa.
E, diga-se de passagem, fez bem. Até porque o cidadão não quer saber de quem é a responsabilidade. Impostos são pagos, de caros, para que serviços básicos funcionem. Agora o que não se pode é admitir o chamado proveito político de determinada situação. Porque ai seria confirmar uma máxima bem comum no meio: que tudo se resolve somente com vistas a algum mandato ou a renovação deste.
É claro que quando se trata de alguma ação do porte, simpatizantes de quem a executou tende a louvar tal atitude. E é isso que se constitui em tentativa eleitoral, de tentar dizer que somente tal pessoa teria capacidade de realizar tal coisa. Mas é preciso entender que problemas não têm data e podem surgir a qualquer momento. Cabe a quem estiver no poder resolvê-los. E isso independe de capacidade, maior ou menor. Depende exclusivamente da vontade de sanar tal questão.
Mas, independente disso, o problema envolvendo a saúde materna em Mossoró é bem maior do que se apresenta. Os bastidores fervem. Queimam, melhor dizendo. E o pepino tende a estourar mais dia, menos dia. Não se trata de uma simples - no modo de dizer (porque já é bem complicada a reabertura da Casa de Saúde Dix-sept Rosado) - ação para colocar médicos, enfermeiros e demais membros de uma equipe de maternidade para trabalhar. Envolve muito mais coisas. E é aí que a chamada política entra em cena, com os dois pés, para mostrar quem é que faz e quem não faz.
Como se a saúde fosse uma brincadeira - de péssimo gosto, diga-se. Como se o cidadão fosse uma espécie de marionete e que estaria à mercê de quem poderia resolver algo e não fez ou não faz. E que quem faz estaria fazendo por mérito próprio. Não seria isso. É por obrigação mesmo. Por dever de fazer. Todos deveriam entender que político com mandato é funcionário público. De todos. E, como tal, não tem que se apresentar como salvador disso ou daquilo: tem a obrigação de fazer. E bem feito!