Prefeitura Municipal de Assú

terça-feira, 19 de março de 2024

O uso do chicote faz esquecer do chapéu

O vereador Paulo Igo apresentou um enredo onde um personagem caricato se destaca e está, necessariamente, segundo o parlamentar, escondido e que vem à tona em ambientes fechados, em reuniões com seus subordinados e onde passa a exigir ao rigor de uma lei já abolida da realidade política do Rio Grande do Norte. Nas ruas, nas fotos e em vídeos, além de aparições políticas em públicos, essa personagem anda com um chapéu característico do sertanejo das antigas. Apenas, para efeitos de semiótica, transparecer a ideia de que possui raízes camponesas e que enxerga a dor do outro.

Mas será mesmo?

Obviamente que todos já têm noção de quem o parlamentar se refere. Sim, é justamente ao prefeito de Mossoró. O vereador afirmou, ao ser entrevistado pelo Jornal de Fato dias passados, que o prefeito, sem chapéu, "é um cara perverso que anda com o chicote na mão." Veja aqui.

E, analisando tudo agora, realmente faz sentido.

O furor religioso que se vê no mandatário mossoroense remete justamente a uma pessoa que, aos olhos de todos, se apresenta como suprassumo dos valores morais, éticos e cristãos. E faz uso, realmente, do adereço (chapéu de couro) para externar humildade, simpatia, senso antropológico e respeito a quem não segue sua reza política.

Pois bem: caso proceda, realmente, a afirmação feita pelo vereador Paulo Igo, existiria, de fato, a imposição do homem, sem chapéu de couro e com chicote em punho, mudar, por exemplo, algum gosto peculiar de algum auxiliar e exigir comportamento que se adequaria ao que ele pensa ser voltados à lealdade, valores morais e religiosos. Como se o tempo tivesse parado em algum lugar do passado e estivéssemos em uma sociedade ainda analisada pelo sociólogo Émile Durkheim e onde seria possível atribuir uma cura fictícia para os desejos da carne. Vide o livro "O Suicídio".

Além disso, o chicote na mão poderia ser presente na peia que o mesmo mandatário direciona à população que necessita do Serviço Único de Saúde (SUS). Especificamente de exame tomográfico. O aparelho existe e faz tempo. Mas, mesmo passado mais de três anos, este que apresenta ser humilde ainda não teve competência para construir uma sala no PAM do Bom Jardim para a instalação do equipamento, que segue encaixotado e sem serventia para quem precisa.


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