Prefeitura Municipal de Assú

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Cargos e falta de diálogo afastam Fátima de Robinson

 Durou pouco a convivência entre a senadora Fátima Bezerra (PT) e o governador Robinson Faria (PSD). Ela entregou cargos para os quais tinha indicado e abriu margem para especulação diversa. Inclusive de que tudo estaria voltado para 2018. E não poderia ser diferente: a senadora petista é a "bola da vez" ao Governo do Estado. Sim, porque se houver direcionamento nesse sentido e as últimas eleições forem levadas em consideração - exceto a de 2014 - praticamente todos os candidatos eram senadores. Por quais motivos seria diferente com Fátima Bezerra?

Abaixo o comunicado da ala petista da qual a senadora Fátima Bezerra pertence. É só prestar atenção no texto que todo mundo vai entender: o PSD quer governar sozinho e ainda por cima, abocanhar cargos do Governo Federal. Fátima não gostou. Leia:

Nós, militantes da tendência petista Avante, comunicamos à Executiva Estadual do PT potiguar que, em virtude de dificuldades e divergências que se acumulam nesses 10 meses de relações político-administrativas com o governo do PSD, estamos disponibilizando os cargos ocupados por nossos militantes Rodrigo Bico e Laissa Costa, diretor-presidente e diretora administrativa, respectivamente, da Fundação José Augusto.
Cabem, evidentemente, alguns esclarecimentos acerca do que seriam essas “dificuldades e divergências”.

Acumulam-se dificuldades administrativas enfrentadas na gestão da FJA, único instrumento de fomento à cultura do estado. Já de início surgiram dificuldades na formação da equipe, passando pela falta de priorização orçamentária, insistência na ocupação dos prédios da Pinacoteca para outros fins que não a cultura, até o fato do presidente não ser recebido em audiência pelo governador do estado para discutir a implementação do projeto de cultura defendido pelo governador no processo eleitoral e que foi fruto de ampla discussão com os segmentos artísticos do estado. Tudo isso tem gerado enorme desgaste para os gestores e para o PT com um importante segmento social no qual a nossa militância é bastante atuante.

Divergências de fundo na condução das relações com a categoria dos professores e servidores da UERN, onde o governo não conseguiu fazer prosperar o diálogo para pôr fim à mais longa greve na instituição. Essa postura acabou na judicialização do processo, por iniciativa do governo do estado, o que em nossa avaliação é mais um equívoco.

Além disso, as exonerações do diretor administrativo da CEHAB, Deyvidson Giuliano, e da secretária adjunta de educação, Socorro Batista, sem nenhuma comunicação (nem prévia, nem posterior) aos mesmos ou ao coletivo que os indicou, não são práticas que revelam parceria política. Em ambos os casos a comunicação foi feita pelo Diário Oficial do Estado.

No caso da secretária adjunta de educação, tudo que sabemos até hoje são notícias veiculadas na mídia que dão conta da insatisfação do governo com a defesa que a mesma fez dos trabalhadores em educação da UERN, que exercem o legítimo direito de greve. Cabe esclarecer que Socorro Batista foi atuante dirigente sindical da categoria e dela ninguém poderia esperar postura diferente. No nosso entender, esse foi mais um equívoco por parte do governo na condução do processo, tanto pela concepção quanto pela inoportunidade do movimento paredista. A efetivação da exoneração só contribuiu para acirrar os ânimos entre servidores e governo.

Mais recentemente, o PSD/RN entendeu que devia ocupar a superintendência da CBTU-Natal, interrompendo uma gestão que vem realizando um imperioso trabalho de recuperação de viabilidade econômica e de credibilidade junto aos usuários de um serviço publico estratégico que é a mobilidade urbana na região metropolitana de Natal. Mesmo com todas tentativas de negociação que mobilizaram o deputado Mineiro e a senadora Fátima, na busca de um acordo com as principais lideranças pessedistas, nada demoveu o PSD/RN desse propósito. Entenderam que o legítimo seria ocupar a superintendência da CBTU, pelo fato da empresa estar ligada ao Ministério das Cidades, cujo ministro é do PSD. Estranho esse argumento, uma vez que não é essa a regra aplicada em nenhuma secretaria ou órgão do governo do estado administrado pelo PSD, pelo que se tem notícia.

Esclarecemos que essa decisão é coletiva, de uma Tendência Petista com representatividade no partido, e não apenas da senadora Fátima Bezerra, apesar dela também compor o coletivo. Entretanto, nosso comunicado não pretende que o partido inicie a partir dele qualquer discussão de rompimento ou afastamento do governo do PSD. Tampouco temos o propósito de causar constrangimentos ao governo do qual seguimos aliados e muito menos aos petistas que continuam a ocupar cargos na gestão, que terão todo o nosso apoio. Pelo contrário, esperamos que a nossa posição sensibilize o governo a reconstruir da melhor forma as relações políticas e administrativas com o Partido dos Trabalhadores.

Baseamos a nossa posição na ética da responsabilidade de um grupo que, ao perceber que incomoda, está se sentindo incomodado e por isso considera equivocado continuar a ocupar cargos de gestão onde não gestionamos ou fazer política sem interlocução.

Executiva da AVANTE no Rio Grande do Norte: Danyelle Guedes; Deyvidson Giuliano; Francisco Piolho; Josiane Tiburcio; José Eduardo da Silva; Laissa Costa; e Olavo Ataide.


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