O grupo oposicionista ao Governo do Estado, capitaneado – até agora – pelo vice-governador Robinson Faria (PSD) tem externado interesse em atrair a deputada estadual Larissa Rosado (PSB) à composição da chapa majoritária. Os 63.309 votos obtidos por ela na eleição de 7 de outubro último, quando disputou a Prefeitura de Mossoró, chamaram a atenção de Robinson, que tem demonstrado claro interesse em disputar o Governo do Estado nas eleições do próximo ano. Larissa, nesta entrevista, avisou que seu interesse, a priori, seria buscar a reeleição, mas disse que o seu agrupamento político quer participar e opinar sobre o fechamento das chapas majoritária e proporcional. A parlamentar também disse que o PSB mossoroense pode apresentar nomes à formação da chapa. Disse ainda que é possível a aliança envolvendo o PSB, PSD, PDT, PT e até o PMDB. Na entrevista, Larissa discorre sobre as divergências envolvendo o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa, bem como faz críticas indiretas à administração da prefeita mossoroense Cláudia Regina (DEM). Confira abaixo:
O vice-governador
Robinson Faria e a deputada federal Sandra Rosado colocaram seu nome como
alternativa à formação da chapa majoritária às eleições de 2014. A senhora tem
interesse?
Serei candidata à reeleição. Integramos um partido
que vai participar ativamente das discussões, logicamente. Nós queremos opinar
e queremos que Mossoró, que o PSB possa, sim, indicar um nome para a
majoritária. E vamos fazer essa discussão não só na majoritária, mas também nas
coligações proporcionais. Temos que lembrar que Mossoró é o segundo colégio
eleitoral do Estado e tem muita importância nesse debate. O nome, vamos
discutir.
Então a priori o seu
projeto seria a reeleição?
SIM, inicialmente a reeleição. Reafirmo que Mossoró
é uma cidade muito importante nesse processo e queremos discutir, participar e
opinar sobre a formação da chapa.
Como a senhora vê a
movimentação da oposição nesse sentido?
Considero importante que a discussão seja feita,
levando, primeiramente, em consideração os interesses do povo do Rio Grande do
Norte, que tem ficado à margem do processo administrativo do Estado, que não
tem sido ouvido pelo atual governo. Nós temos que fazer esse movimento de forma
que você junte o político à necessidade da população. A oposição se movimenta
nesse sentido. Espero que possamos marchar todos juntos: PSB, PT, PDT, PSD e
que venham mais partidos, e serão bem vindos nesse momento de discussão de
formação de chapa.
A senhora consegue
vislumbrar algum nome que poderia unir a oposição em torno de projeto único?
Temos muitos nomes que são citados na oposição.
Observamos o desejo do vice-governador Robinson Faria de ser candidato a
governador. Ele é um grande nome nesse processo eleitoral, sem dúvida alguma.
Nós vamos lutar para que a oposição esteja unida em torno de um nome, seja
Robinson ou outro que possa vir, mas o que temos em discussão e de maior
destaque é o dele. Queremos construir essa nova eleição de maneira que a
oposição esteja fortalecida. Mas também considero que não podemos antecipar a
campanha eleitoral de 2014 para 2013. A população tem interesses importantes a
serem atendidos, o desenvolvimento do Estado. A questão social... É importante
trabalharmos pelo desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
A votação que a senhora
obteve na eleição passada a projetou politicamente. Tanto que o vice-governador
externou interesse em seu nome...
O que coloco com relação à majoritária é que o
nosso grupo quer opinar e participar. Não significa que seja o nome de uma
pessoa que esteja, obrigatoriamente, com mandato. Pode ser outro nome no
contexto de composição política no Estado do RN. Sem dúvida sai fortalecido da
eleição municipal. Em 2008 tivemos uma votação que representou 37,44% do
eleitorado. Já em 2012 tivemos 63.309 votos, correspondendo a 46,97% do
eleitorado. Mas é importante colocar que essa é uma decisão coletiva. Não uma
decisão pessoal. Vamos continuar desenvolvendo nosso trabalho como deputada
estadual.
A senhora acha possível
a união do PSB, PSD, PT e atrair o PMDB?
Acho que é possível, sim. Estamos, todos esses
partidos, na oposição. O PT, PDT, PSB, PSD, todos fazendo trabalho importante
para o Rio Grande do Norte nas Prefeituras, nas Câmaras, na Assembleia. Esse
trabalho refletirá, certamente, nas eleições de 2014. E quem vier, será bem
vindo. A política se faz com o diálogo, com a conversa e com a construção de
projetos para o Estado.
E o PMDB?
É bem vindo. O PMDB será bem recebido. A oposição
está aberta a essa possibilidade. Com relação à composição de chapa, isso será
conversado com os partidos que já fazem parte da oposição.
A partir de qual momento
a questão de nomes será discutida?
Acho que não devemos antecipar. Temos que trabalhar
pelo Rio Grande do Norte. A eleição é o próximo ano e estamos há mais de um ano
das convenções. Sei que o tempo passa rápido, mas considero que o final do ano
seja um momento interessante para que essa discussão seja feita. Vamos
trabalhar projetos para a população e tenho certeza que os nomes surgirão
naturalmente a partir dessa discussão e desse trabalho. Até porque haverá o
reconhecimento natural da população sobre quem teve destaque e quem tem
condições de levar esse projeto à frente.
Com relação à queda de
braço entre Governo e Assembleia, existe algum empecilho no relacionamento
entre os poderes?
Considero que não há queda de braço entre Governo e
Assembleia. Existem posturas, por parte do Governo, as quais nós não entendemos
e que muitas vezes soa como se não respeitasse a posição da Assembleia, que é
um poder independente e está fazendo o seu papel, votando, opinando e trazendo
assuntos de interesses do povo do RN à tona permanentemente, bem como
contribuindo. Quero ressaltar aqui que os deputados da oposição têm feito a sua
parte: debatendo questões ligadas ao orçamento, questões sociais e mostrando
que o Governo do Estado está devendo muito ao povo do RN. O Estado tem
arrecadado como nunca e não estamos vendo desdobramento, em favor do
desenvolvimento, na vida das pessoas.
A senhora faz referência
a que diretamente?
À arrecadação. Quando digo que o Governo está
devendo, digo que estamos vendo uma gestão altamente centralizadora. Podemos
observar a questão da saúde, do ITEP, da Polícia Militar... Inclusive, foram
divulgados dados da Justiça, e quando fala na Polícia Militar, considera que a
nossa polícia está mal aparelhada, mal remunerada, sem condições de trabalho.
Observamos que a arrecadação do Estado cresceu, somente em 2012, 16%. Nos
primeiros anos do governo de Rosalba (Ciarlini), o Rio Grande do Norte teve
excesso de arrecadação na ordem de R$ 1,4 bilhão, somente com ICMS, FPE,
Royalties. Tivemos conhecimento de um estudo do Sebrae, que diz que esse
montante daria para construir duas Arenas das Dunas, ao custo de R$ 400 milhões
cada, três pontes Newton Navarro, no valor de R$ 200 milhões cada uma. Então, o
Governo do Estado precisa trabalhar, escutando o que o povo deseja, escutando o
servidor público, deixando a administração mais democrática e mais aberta.
A senhora está
acompanhando a efetivação dos projetos relacionados aos vetos da governadora
que foram derrubados?
Alguns vetos foram derrubados, como o do Hospital
da Polícia Militar, do Instituto Histórico (e Geográfico do RN), da Defensoria Pública,
da Fundação José Augusto... Foi votado o crédito suplementar para os poderes e
nós tivemos também aprovados projetos que haviam sido votados pelo Governo do
Estado e tivemos, graças a Deus, a aprovação de projetos importantes para o
nosso Estado. Nossos projetos aprovados criam proteção aos servidores da
educação pública e o da obrigatoriedade de carteiras para portadores de
deficiência. Como isso se deu agora, a partir desse momento é que vamos
acompanhar e exigir do Governo a instalação e o cumprimento dos projetos.
Com relação à política
municipal, qual será a sua participação no grupo de oposição ao governo?
Nós vamos fazer oposição responsável, com certeza.
Mas considero que não dá para fazer avaliação administrativa, do que foi feito
até agora. Considerando que é cedo para avaliar, nós observamos que não se
percebe mudança para a cidade. Pelo contrário: o sentimento que se encontra em
Mossoró é a continuidade de um modelo de administração esgotado, de um grupo
que está no poder há 16 anos.
E sobre a contratação da
empresa Falconi...
Acho que é cedo, vou repetir, para avaliar. Tivemos
aí uma reforma administrativa que não foi debatida com o povo, que não foi
debatida como deveria ser. Então, está cedo para fazer a avaliação. Logicamente
que, quando surgir o momento de fazer essa avaliação será feita. Os vereadores
estão aí para fazer esse trabalho na Câmara Municipal, e tenho certeza que cada
um vai cumprir seu papel de vereador e de deputado.
Fonte: Jornal de Fato
Nenhum comentário:
Postar um comentário