Diante do impasse envolvendo o Governo do
Estado e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), com relação à
greve de professores e técnicos administrativos, o blog conversou com o reitor
Pedro Fernandes para analisar alguns temas que foram colocados, pelo próprio
governo, e os quais evidenciaram pouca vontade do Executivo em resolver o
problema. Abaixo o bate-papo com o reitor:
O Governo do Estado divulgou nota na imprensa, em
página paga, na qual afirma categoricamente que a tem pago para manter a greve
de professores e técnicos administrativos da Uern. E elencou uma série de
elementos com o objetivo de reduzir o movimento paredista. Como o senhor
analisa o comportamento do Governo com relação a esse fato?
No momento em
que soube da nota, estávamos no Teatro Dix-Huit Rosado, aguardando o início da
solenidade de assembléia universitária, em comemoração aos 47 anos da UERN.
Confesso que não li naquele momento, em virtude da ansiedade para o início da
solenidade. Depois que li a nota, fiquei surpreso com o teor e comentei no
grupo de whatsapp dos secretários do RN, no qual faço parte, que pela grandeza
de nossa instituição, a UERN merecia pelo menos os parabéns e que por pertencer
ao Estado, o Governo pode muito se beneficiar com sua única Instituição de
Ensino Superior.
Já se fala em judicialização da
greve da Uern....
Sim, tenho lido isso na
imprensa.
Trata-se da mais longa greve da
Universidade. Por quais motivos não se chegou a um entendimento?
Paradoxalmente, pela clareza dos
dados. A UERN fez um acordo com o Governo do Estado e fez seu dever de casa,
adotando uma política de austeridade arrojada e assegurando que em seu
orçamento o acordo pudesse ser cumprido. Ao mesmo tempo em que o RN encontra-se
acima do limite legal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Então de um
lado, temos a redução das despesas, orçamento e o entendimento legal de que
possa se fazer uma substituição de remuneração, do outro a LRF.
O governo tem alegado a Lei de
Responsabilidade Fiscal, mas o reajuste já havia sido assegurado pelo próprio
Governo. A Uern se preparou para o atendimento do pleito da categoria?
Exato. Comprovamos isso no levantamento contábil
que entregamos ao governo. A reposição, nos índices que haviam sido acordados,
não exigia suplementação e hoje ainda temos condições orçamentárias para pagar
o retroativo a maio.
O governo passa a ideia de que a
greve teria resquícios políticos e inclusive exonerou a professora Socorro
Batista da Secretaria Estadual de Educação, onde ela era adjunta. O senhor vê
elementos que possam fazer ilações políticas partidárias com o movimento de
professores e técnicos?
Não percebi essa ideia por parte
do governo e nem evidencio nenhum elemento para que se faça esse tipo de
inferência.
Como acreditar em um governo que,
definitivamente, põe culpa em professores e técnicos e alude que a Universidade
tem saído "cara" para o governo?
Entendo que temos a
responsabilidade e compromisso de fazer com que a sociedade norte-riograndense
participe da UERN e que ela faça sua avaliação. Recentemente, o Governo
discutiu amplamente o Plano Plurianual em vários municípios. Tenho certeza que
a UERN foi citada várias vezes, como formadora de recursos humanos e como
instrumento importante para implementação de políticas públicas. Como sempre,
nos colocamos a disposição para realizar tal debate.
O senhor consegue visualizar, na
atitude do governo, alguma ação de "boicote" à Academia?
Não vejo tentativa de boicote. A
grandiosidade da UERN não permite qualquer tentativa de esvaziamento. A reação
de segmentos significativos como a Igreja e manifestação nas redes
sociais provam que nossa UERN faz o que se espera de uma instituição pública:
devolve recursos nela investidos através de profissionais preparados e serviços
de qualidade para a sociedade potiguar.
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