O titular do blog,
que divide seu tempo entre o jornalismo e a docência superior, coloca hoje à
baila um tema discutido dias passados em sala de aula acerca do envolvimento
que se pode fazer com a política que a gente conhece e o Amor Platônico.
Muitos podem
até dizer que não daria para fazer alguma ligação envolvendo os dois temas, mas
tudo é possível no campo da especulação e da dialética. Mais ainda quando
assuntos se apresentam como satisfatórios na vida prática. Contudo, ressalte-se
que não se consegue entender os motivos que levam pessoas a se candidatar anos
a fio para determinado cargo eletivo e não obtêm resultados positivos nas
urnas.
Platão defende
a ideia de que o Amor Platônico se volta a algo que desejamos, mas que não
temos como concretizá-lo. Assim sendo, a primeira ideia que surge é a de que se
trata de algum amor proibido, tipo o de Romeu e Julieta, ou que versa acerca da
paixão juvenil.
Mas não é bem
assim que a coisa flui.
O Amor
Platônico definido por Platão tem ligação direta com o Eros, com o desejo do
homem. Nesse sentido, o filósofo alude que só desejamos o que não temos ou
possuímos. Um exemplo é o de que desejamos alguém e, quando obtemos sucesso,
tal pessoa – em tese – sairia do campo dos desejos, pois seria algo
concretizado.
No campo político
é a mesma coisa. Candidato ou candidata que passa anos e anos tentando chegar a
determinado patamar de poder. Se não consegue chegar lá, continua tentando. É o
desejo de ser eleito ou eleita para o cargo eletivo pretendido. E, ao chegar
lá, o tão sonhado desejo se concretiza.
E é aí que
está o problema: ao concretizar tal ambição, o homem está sujeito a se esquecer
dos planos sonhados quando o cargo ainda era desejado. Nesse ponto, tudo o que
foi dito e prometido passa a ser palavras do passado. E não é apenas uma marca
de que tal pessoa estaria se deixando levar pelo poder.
É o sistema
político que a leva a isso. A burocracia é tanta que não se permite que o que
foi dito por anos a fio seja concretizado. E é aí que entra novamente o Amor
Platônico: os eleitores que elegeram tal político ficam à espera da
concretização de algo que eles não possuem dignamente, como saúde, educação,
segurança, lazer, cultura, entretenimento, moradia…
De algum modo,
a história do Eros sempre existirá de algum lado ou de alguma maneira. Veja o
caso do Rio Grande do Norte: políticos não estão interessados em resolver
problemas que afetam diretamente a população.
Toda e
qualquer discussão posta atualmente versa sobre outro aspecto: o da política
enquanto instrumento à garantia do poder pessoal. Fosse diferente, teríamos
união de todos para que situações que se apresentam como calamitosas se
resolvessem com maior brevidade.
O Eros, aqui,
não se volta ao popular. É bem particular. Mas, para que este se efetive, vem
um velho e manjado instrumento de marketing para tentar passar a imagem de que
somente determinado candidato teria condições de sanar os males que afetam o
Rio Grande do Norte.
Se esse
“somente determinado” é o que vale, resta-nos crer que os tempos mudaram, o
cenário mundial é outro, a realidade é totalmente diferente, mas o conceito de
Platão continua em voga: nós, cidadãos, sempre vamos desejar que algo mude, mas
no fundo, se mudar, tudo continua como antes.
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