Prefeitura Municipal de Assú

domingo, 3 de junho de 2012

‘Quem tem que se cuidar com isso é a presidente Dilma’


O presidente nacional do Democratas, senador potiguar José Agripino Maia, não poupa palavras nem críticas ao governo do PT. Os últimos acontecimentos da política nacional, como a suposta conversa envolvendo o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, do STF, para Agripino, se constituem em “símbolo do regime de impunidade que os governos do PT estão impondo ao Brasil.” Ele se referiu ao Mensalão. Para o democrata, caso Lula tenha interesse em intervir, a questão passa a ser de moralidade pública. “Vejo a interferência do ex-presidente da República como uma mão a serviço da impunidade, que é o pior dos males do Brasil.” Nesta entrevista, o presidente nacional do DEM aborda questões voltadas, além do Mensalão, à CPI do Cachoeira e à não-convocação do governador Sérgio Cabral, bem como da política monetária do governo Dilma. Veja abaixo:

Por Edilson Damasceno

A suposta interferência do ex-presidente Lula no caso "Mensalão" evidencia que o PT quer se blindar e evitar transtornos políticos. Como o senhor vê essa manobra?
JOSÉ AGRIPINO - Vejo lamentando o episódio inteiro e relatado pelo ministro Gilmar (Gilmar Mendes, do STF), da conversa tida com o ex-presidente Lula. O Mensalão é o grande calo da vida de Lula e da vida do Governo do PT. É o símbolo do regime de impunidade que os governos do PT estão impondo ao Brasil. Há cinco anos a denúncia do mensalão foi feita e até hoje, por manobras diversas, esse processo não chegou ao fim. O procurador-geral da República, que denunciou o Mensalão, está sendo objeto de ataques permanentes por parte de segmentos petistas. E agora o próprio ex-presidente procura Gilmar Mendes, conforme ele (Mendes) já anunciou, com ameaças veladas. Leia-se a história da passagem para Berlim, como que insinuando uma procrastinação (adiamento) no julgamento do mensalão, como forma de recompor a reforma do quadro do STF... Uma mudança nos quadros do Supremo, tendo em vista que dois vão se aposentar: o ministro Ayres Brito e o ministro Peluzzo. E, com isto, se poderia ganhar-se mais tempo, compondo maioria pró-governo, e arquivar o mensalão e entregar, como mérito ao Brasil, a questão da impunidade. A denúncia é feita. A acusação é feita pelo procurador-geral da República. Instala-se o processo e está com decurso do prazo. Vejo a interferência do ex-presidente da República como uma mão a serviço da impunidade, que é o pior dos males do Brasil.

HAVERIA interesse do PT em manobrar para não se queimar no caso Cachoeira?
O GOVERNO do PT, na medida em que concordou em instalar a CPI do Cachoeira, objetivou desviar o foco da CPI do Mensalão. Mas, vai cair no alçapão a quebra do sigilo da Delta e vai mostrar claramente os enraizamentos da principal contratadora das obras do PAC com os segmentos governistas pelo Brasil afora. Acho que a CPI do Cachoeira, que foi feita para desviar o foco do mensalão, vai terminar produzindo o feitiço contra os interesses do PT.

A NÃO-CONVOCAÇÃO do governador carioca Sérgio Cabral seria um indício disso?
A NÃO-CONVOCAÇÃO do governador Sérgio Cabral (PMDB) é uma demonstração de entendimento que convém entre os signatários do governo. Esse entendimento acontece em certos momentos e não acontece em outros. Mas é fundamentalmente por receio a uma investigação mais profunda do caso da construtora Delta, que é onde se insere o governador Sérgio Cabral.

O SENHOR disse, recentemente, que se o Governo Federal tivesse pensado no combate à seca a situação do Nordeste e de outras regiões castigadas seria diferente. Como e quais seriam as ações que poderiam ter sido realizadas?
AÇÕES como, por exemplo, a construção da Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte, que foi procrastinada ao longo de tanto tempo. Eu mesmo tenho emenda para a barragem de Oiticica. A construção de barragens e o programa maciço de irrigação são grande remédio para a geração de emprego e água para a região Nordeste. O Rio Grande do Norte, por exemplo, até que tem levado a efeito um razoável projeto de construção de adutoras, mas as grandes obras hídricas, como a barragem de Oiticica e projetos de irrigação, pararam completamente no nosso Estado, bem como no Nordeste inteiro, vem significando um desleixo ou um descaso do governo do PT com a questão da desocupação do semiárido, com a falta de emprego no semiárido. Tendo em vista a fonte d’água, a irrigação, a atividade agrícola independente de seca ou de inverno, e havendo água, você se protege dos problemas que estamos vivendo agora, que é a seca. E, em virtude da seca, ausência e alternativa e o desespero das pessoas.

APESAR de se ter certa estabilização do Real e da inflação não estar em patamar elevado, essa realidade não se constata no produto interno bruto (PIB). O senhor concorda com a política monetária do governo Dilma?
A POLÍTICA monetária do governo Dilma, que é a política herdada do governo Lula, está fundada no remendo chamado dívida brasileira interna. A dívida externa brasileira não é hoje tão grande. A dívida interna, que chega a quase dois trilhões de reais, é que é o grande mal. O serviço da dívida interna brasileira é quem ensina toda a capacidade do Brasil a investir. Os juros pagos deixam a dívida interna monstruosamente grande e deixam o Brasil sem capacidade de investimentos na geração de infraestrutura, que é quem faz o Brasil ficar competitivo, produzindo um quadro que estamos vivendo agora: o crescimento pífio do PIB, com 0,2%. Crescimento imensamente menor do que qualquer um dos nossos concorrentes: Rússia, Índia e China, e que está tirando do Brasil a competitividade do Brasil no ramo da indústria. A indústria brasileira está afundando e tudo isso por falta de investimento, infraestrutura e em função da dívida interna. São quase dois trilhões de reais e feita fundamentalmente pelos governos do PT, que fizeram uma opção: diminuir a dívida externa e engrandecer ou tornar quase incontrolável e administrável o tamanho da dívida interna do Brasil.

PERCEBE-SE claramente que o ex-presidente Lula se projeta para 2014 e trabalha colado no PSB. Como a oposição vê essa movimentação do ex-presidente?
QUEM tem que se cuidar com isso é a presidente Dilma. Ele (Lula) acabou de soltar uma frase de efeito, dizendo que seria candidato se Dilma não fosse candidata. Quem fala isso é porque está admitindo a possibilidade de ser candidato. A resposta de quem não é candidato seria: “Não, a candidata em 2014 é a presidente Dilma’. Os movimentos dele, de composição com aqueles que estão crescendo, que é o PSB, são sinais claros de que ele pretende voltar à cena. Voltar à cena e em confronto com a presidente Dilma.

O DEM anunciou apoio à pré-candidatura de Rogério Marinho a prefeito de Natal. Os partidos da base aliada estadual estão divididos. Essa divisão não fortalece a oposição?
NÃO. Aqui no Estado existe um pacto, e onde pudermos estar juntos, como é o caso de Mossoró, estaremos juntos. Vamos fazer um esforço para estarmos juntos na maior quantidade possível de municípios. Agora, as dificuldades municipais são muito particulares e devem ser respeitadas. O que há é o seguinte: quando pudermos estar juntos, estaremos. Onde não pudermos, haverá um pacto de consentimento para que não existam agressões entre os candidatos que disputam entre si e que são da base de apoio ao governo de Rosalba.

DEPENDENDO do resultado das eleições e se houver segundo turno em Natal, é possível vislumbrar um palanque forte?
CLARO e evidente. Mas a gente ainda não sabe se Carlos Eduardo vai ser candidato, se Wilma será candidata. Sabe-se que hoje Rogério Marinho e Hermano Morais são pré-candidatos. É preciso, portanto, que se defina o quadro e quem são os candidatos, para que a gente possa estabelecer a estratégia de campanha do primeiro e do segundo turno.

A NACIONALIZAÇÃO de campanhas municipais tem sido a tônica neste ano. O senhor concorda com essa metodologia?
NÃO existe nacionalização em campanha municipal. Insistir em nacionalizar a campanha municipal é insistir erro do passado. O passado já mostrou que a eleição municipal é local. O eleitor vota no candidato a prefeito com quem se identifica e conhece. Pode nunca ter visto e apertado a mão do candidato a deputado federal, do senador ou do presidente, mas os candidatos a prefeito o eleitor conhece e conhece bem e faz a opção pessoal.

O APOIO do DEM ao tucano José Serra em São Paulo é um indício de que os dois partidos seguirão aliados para os próximos embates eleitorais?
SIGNIFICA uma disposição inicial de dois partidos que fazem oposição no plano nacional, de marcharem juntos nas eleições municipais onde for possível. Onde não for possível, haverá pacto de consentimento. Não significa nenhuma projeção para a eleição presidencial. Pode haver, mas também pode não haver entendimentos.

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