Prefeitura Municipal de Assú

sábado, 18 de julho de 2009

O problema está em quem vê

Muito tem se falado acerca da inclusão. Efetivamente, pouca ação. A começar por casa mesmo. Quando qualquer família tem um de seus membros com alguma conduta que fuja dos preceitos que se imagina para a sociedade, a primeira medida tomada é de repressão, seja impedindo de ir à rua, seja moldando a aparência para o que se quer. Para o que a sociedade quer. Os que não aceitam essa imposição são taxados de loucos, rebeldes e mais uma gama de adjetivos.

Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver. Tem tudo. Somos responsáveis por tudo. Até pela inclusão. Conversando dia desses com a diretora do Departamento de Apoio à Inclusão (DAIN) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), professora Vera Lopes, fiz uma pergunta sobre essa situação. A resposta não poderia ter sido outra: o ser humano é discriminador por natureza. Até de si próprio.

Qual o deficiente (físico, visual, auditivo, da fala, e outros) que não fica remoendo a cachola e se perguntando sobre os motivos que o fizeram nascer de tal jeito? Faz parte da natureza humana e não se muda essa particularidade de uma hora para outra.

Na UERN mesmo, onde o DAIN orienta 45 alunos que precisam de atenção especial, muitos ainda têm receio de procurar ajuda. São variados tipos de deficiência, da física à esquizofrenia, passando por um estudante que enfrenta um câncer.

A melhor forma de mudar esse quadro é a pessoa aceitar as diferenças e, no caso do deficiente, se autoaceitar. É preciso deixar de lado essa mania tola de se achar inferior ou superior a alguém por uma deficiência.

O cartaz da campanha nacional da Semana do Excepcional, de 21 a 28 de agosto, mostra isso claramente e afirma: “eles beijam, namoram, trabalham e se divertem. Não há nada de excepcional nisso”.

Realmente não há. A excepcionalidade existe apenas para quem quer vê-la. É tal qual a beleza ou a falta dela: tudo está nos olhos. Se olhamos para uma pessoa e a enxergamos como tal, a diferença deixa de existir. A não ser que essa prática continue viva. Se isso ocorrer, a tão almejada inclusão não ocorrerá.

Não precisaria de estatutos (da criança e do idoso) para que seus direitos fossem garantidos. Até porque tudo o que está nesses documentos se encontra na Constituição. Drogados, alcóolatras, prostitutas, apenados, homossexuais, crianças, idosos, deficientes, todos estão no mesmo bojo da discriminação. Todos só têm valor quando votam. Aí é diferente. São vistos e afagados.