Prefeitura Municipal de Assú

segunda-feira, 30 de maio de 2022

‘A coragem é a chave para vencer qualquer medo’


Arton Bezerra Peixoto, 27, tinha o sonho de ser dono do próprio negócio. Quase no final do ano passado ele foi dispensado da empresa onde trabalhava e, tão logo isso aconteceu, resolveu dar vazão ao projeto que estava na sua mente desde cedo. E, em dezembro, abriu uma clínica odontológica, tendo como sócio um profissional da área. Hoje, passado alguns meses, ele analisa que foi a decisão mais certa que tomou. Nesta entrevista, ele conta um pouco da sua experiência e enfatiza que existem obstáculos para quem quer empreender. Mas diz que a pessoa não pode desistir. Graduado em Administração de Empresas e com especialização em Gestão Comercial e em cursos na área da Saúde, Airton enfatiza que existem poucos jovens empreendedores na área que atua e que, apesar das dificuldades iniciais, diz que não se vê atuando em outra área. Leia a entrevista abaixo:

 

O jovem tem encontrado dificuldade em espaço no mercado de trabalho formal. O caminho seria o empreendimento?

Existe, sim, uma dificuldade muito grande do jovem de buscar trabalho no mercado hoje em dia. O mercado de trabalho exige muito. E muitas vezes a exigência é tanta que muitos jovens não conseguem um trabalho básico por diversos motivos: falta de estudo, família desestruturada, falta de apoio dos equipamentos públicos e diversos outros. O que muitas vezes levam muitos jovens a buscarem trabalhar por conta própria, e tem também aqueles que nascem com o espírito empreendedor, como é meu caso, sempre desde pequeno, sempre tive um sonho de ter o meu próprio negócio e de liderar uma equipe. Já fui líder de grupos em igreja, de sala. Lembro bem que quando eu entrava numa disputa, os outros candidatos desistiam, pois sempre eu ganhava a eleição por maioria absoluta, sempre tive o poder de influenciar e gosto do que faço. Mas, como eu estava dizendo, o que muitas vezes levam o jovem a empreender é justamente a falta de oportunidade no mercado de trabalho.

 

A palavra empreender está em evidência e fala-se que os jovens deveriam se voltar para o empreendimento. Existe, realmente, espaço, para o empreendedorismo?

Existe, sim. Empreender não quer dizer que você já vá montar uma grande empresa, contratar muitos funcionários e ganhar muito dinheiro. Empreender é muito mais amplo que isso. Um dos requisitos é ter visão. Você pode empreender sendo funcionário de uma empresa, vendendo pipoca na rua, vendendo sanduíche, vendendo açaí, mas você precisa ser criativo para se diferenciar dos outros e conquistar o diferente. Existem muitas pessoas que, com o básico, conseguem se destacar e ser empreendoras de acordo com sua realidade.

 

Você é graduado em Administração e está atuando em uma clínica odontológica. O que te fez migrar empreender em uma área totalmente diferente da tua?

Eu não costumo dizer que estou atuando em uma área diferente da minha. Quem se forma em administração por amor e gosta da área sai preparado para administrar qualquer instituição, seja ela de saúde ou não. O curso de Administração é amplo. Vemos de tudo. E o que conta também são meus anos de experiência na área.

 

Existem outros casos de jovem empreendedor na Odontologia sem ser graduado na área?

São raros. Geralmente quem empreende na área odontológica são odontólogos, ou pessoas mais maduras, que se envolvem no segmento e com alguns anos veem que é viável e decidem investir. Em outros Estados é mais comum recepcionistas, gerentes formarem sociedade e investirem em clinicas. No meu caso, fui mais ousado. Não peguei uma estrutura pronta. Comecei do zero, onde eu mesmo era quem atendia e fazia a limpeza da clínica, além de ajudar aos dentistas no que tivesse dentro das minhas possibilidades. Com o tempo, fui ampliando e montamos nossa equipe.

 

Quais os obstáculos para quem quer empreender?

Alguns dos obstáculos é o medo da incerteza, que nos faz fazer as perguntas: será que vai dar certo?  Eu devo largar o certo para ir em busca do incerto? A coragem é a chave para vencer qualquer medo e ir em busca dos nossos objetivos. Chegou um determinado ponto que eu tomei a decisão de enfrentar os medos e lutar. E graças a Deus, tomei a decisão certa.

 

Qual o passo a passo para quem quer empreender e ser dono do próprio negócio?

Para todo e qualquer empreendimento dar certo é bom, primeiro e antes de tudo, fazer o planejamento. Ao se preparar, é bom a gente anotar todas as ideias, economizar e não gastar com coisas desnecessárias. Claro que é preciso buscar entender o ramo, calcular os riscos, ser persistente e, se possível, ter uma reserva que cubra suas despesas para seis. Isso para poder fazer com que o negócio avance sem muitas despesas no início.

 

Obviamente que quando se fala em ser “dono do próprio negócio” alguns critérios devem ser levados em consideração. Quais você destacaria?

Empatia é a palavra que mais uso no meu vocabulário. Quando nos colocamos no lugar das pessoas, temos a oportunidade de ver as coisas de um outro ângulo. Essa empatia, de sempre buscar o melhor, dá satisfação e nos possibilita entender que, apesar das pessoas as vezes serem difíceis, elas estão ali para nos mostrar que sempre podemos ser melhores. E isso atribui a líderes, a funcionários, a clientes. Atribuo às pessoas, de uma forma geral. Quando se tem empatia, o ambiente se torna mais humanizado e os clientes se tornam seus amigos. Cria-se um vínculo que faz bem ambas a partes.

 

Quais erros mais comuns se percebe no empreendedorismo?

Achar que você pode fazer tudo sozinho, que você não precisa de ninguém, que chegou aonde chegou por mérito próprio. E nós sabemos que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Sempre devemos ter a convicção que por trás de nós, sempre vai existir um alguém, ou um grupo que foi ou é responsável pelo nosso sucesso.

 

Ser empreender é sinônimo de mudança de comportamento e no trato com as pessoas?

Para mim não muda nada em relação ao meu relacionamento com as pessoas. O que mudou foi o peso da responsabilidade de saber que muitas pessoas dependem das minhas decisões, errando ou acertando e que a cada dia é um desafio novo, que precisamos ter jogo de cintura para os desafios, e sempre acreditar que tudo vai dá certo.

 

Agora, depois de alguns meses com o próprio negócio, o que você diria para quem quer empreender?

Que tenha humildade, pé no chão, coragem e não ter medo de nada nem de ninguém. Se você tem um sonho, lute e vá em busca dele. Com certeza, você consegue. Não tenha medo das portas que se fecham, muitas outras abrem e tudo quando não se vem para agregar, vem para ensinar.

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