Prefeitura Municipal de Assú

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Lacuna entre o que se diz e o que se faz


Existe uma lacuna, um espaço enorme entre o que se diz e o que se faz; Muitas vezes alguns pensam que nós, cidadãos, não temos a capacidade de raciocinar. E é aí que está o erro: ao não apostar, não crer, que as outras pessoas podem se questionar e também questionar a ação em si é que a classe política acaba recorrendo a práticas danosas para a sociedade.

É próprio de quem se acha superior supor que as sociedade, as outras pessoas, estariam submissas ao seu bem prazer, ao que fazem e  ao que querem fazer. Estas pessoas não respeitam e fazem tudo, absolutamente tudo, para se sobressaírem. E o que mais gostam de tentar fazer é o povo de besta. Uns ainda caem na lábia de quem não tem o menor respeito com o outro.

Alguns, contudo, já sabem que tudo não passa de mera atuação, representação, para se dar bem politicamente. Não são todos, mas existem os políticos que tentam, a todo custo, passar a ideia de que são bonzinhos, e chegam até a chorar. São dignos de Oscar de atuação de filmes ou telenovelas.

E esta particularidade nos remete à Grécia Antiga, onde a retórica, o discurso, apresentou ao mundo a possibilidade de questionar tudo. De duvidar. De modo que, via Filosofia, afirmo categoricamente: duvide de tudo e de todos.

Aquela pessoa que diz uma coisa e pratica outra é, ao meu ver, indigno da atenção da sociedade. Porque fica clara a sua intenção, que é chegar ao poder a todo custo. A famosa frase “Faça o que eu digo e não o que eu faço” parece ser a máxima que eles utilizam.

Bem demodè, antiga, diga-se de passagem. Em pleno século 21 ainda existem políticos que estão presos ao passado. Como se o eleitor tivesse ficado preso no espaço-tempo e fosse, por isso, susceptível a práticas danosas ao ápice de toda e qualquer democracia, que é o processo eleitoral.

Sim, nós realmente estamos em um estado, uma sociedade, representativa, como nos ensina Jean Jacques Rousseau. Escolhe-se um representante para o Executivo e vários para o Legislativo. Mas isso não quer dizer que devamos escolher, votar, em qualquer um. A pessoa que apresentar maior condição de gerenciar a sociedade deveria, em tese, ser a indicada para representar o cidadão no Executivo.

De modo que aquela pessoa que diz uma coisa e faz outra totalmente diferente daquilo que defende, ao nosso ver, deveria ser expurgada do processo democrático.

E porque digo isso? Simples: nos últimos dias a cidade de Grossos observou,via redes sociais, a enxurrada de fotos de candidatos ao Executivo em visitação. Em uma clara demonstração de desrespeito à vida do outro. Diziam eles que, direta ou indiretamente, antes dessas imagens, que estariam interessadas na saúde do cidadão. Mas como estão interessados na saúde se poderiam estar, por exemplo, transmitindo o vírus da Covid-19?

A política do século 21 está diferente de tudo o que se viu no passado. Essa pandemia veio para que pudéssemos mudar certos hábitos e que transformássemos a sociedade em si. Mas alguns continuam insistindo em velhas práticas e não estão nem aí para o futuro do outro. O que interessa é somente a concretização de um projeto político que, aos olhos de quem quer enxergar a realidade, estaria centrado apenas na individualidade e não na coletividade.

O que é realmente entristecedor. Mas o caráter da política de acordo com os ensinamentos que vem dos gregos, é a da serventia coletiva, do pensar coletivo e de discutir os problemas da cidade de maneira ampla.

No texto Igualdade e Liberdade, Norberto Bobbio, um dos clássicos da Ciência Política, disciplina também conhecida como Teoria Geral do Estado, nos aponta para a necessidade de enxergarmos o óbvio: o fato de alguém ser livre para fazer a sua política não implica dizer que deva invadir a liberdade do outro. De modo que é preciso observar o básico do básico: todos, absolutamente todos, devem ser respeitados.

E ainda mais agora, quando uma pandemia põe em risco a vida da sociedade inteira. A pessoa pode estar bem, por fora, mas por dentro pode estar acometida por algum mal. E sabe-se que o vírus da Covid-19 está matando quem tem alguma doença preexistente. Portanto, aos que dizem uma coisa e fazem outra, respeitem a vida.

O momento não é buscar a concretização de algo pessoal, individual. Reflitam se o que estão fazendo é, realmente, o certo. E se for, sugiro que repensem seus atos para que, no futuro, não sejam responsabilizados por algo bem maior do que uma simples visita.

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