Existe uma lacuna, um espaço enorme entre o
que se diz e o que se faz; Muitas vezes alguns pensam que nós, cidadãos, não
temos a capacidade de raciocinar. E é aí que está o erro: ao não apostar, não
crer, que as outras pessoas podem se questionar e também questionar a ação em
si é que a classe política acaba recorrendo a práticas danosas para a
sociedade.
É próprio de quem se acha superior supor que
as sociedade, as outras pessoas, estariam submissas ao seu bem prazer, ao que
fazem e ao que querem fazer. Estas
pessoas não respeitam e fazem tudo, absolutamente tudo, para se sobressaírem. E
o que mais gostam de tentar fazer é o povo de besta. Uns ainda caem na lábia de
quem não tem o menor respeito com o outro.
Alguns, contudo, já sabem que tudo
não passa de mera atuação, representação, para se dar bem politicamente. Não
são todos, mas existem os políticos que tentam, a todo custo, passar a ideia de
que são bonzinhos, e chegam até a chorar. São dignos de Oscar de atuação de
filmes ou telenovelas.
E esta particularidade nos remete à Grécia
Antiga, onde a retórica, o discurso, apresentou ao mundo a possibilidade de
questionar tudo. De duvidar. De modo que, via Filosofia, afirmo
categoricamente: duvide de tudo e de todos.
Aquela pessoa que diz uma coisa e
pratica outra é, ao meu ver, indigno da atenção da sociedade. Porque fica clara
a sua intenção, que é chegar ao poder a todo custo. A famosa frase “Faça o que
eu digo e não o que eu faço” parece ser a máxima que eles utilizam.
Bem demodè,
antiga, diga-se de passagem. Em pleno século 21 ainda existem políticos que
estão presos ao passado. Como se o eleitor tivesse ficado preso no espaço-tempo
e fosse, por isso, susceptível a práticas danosas ao ápice de toda e qualquer
democracia, que é o processo eleitoral.
Sim, nós realmente estamos em um estado, uma
sociedade, representativa, como nos ensina Jean Jacques Rousseau. Escolhe-se um
representante para o Executivo e vários para o Legislativo. Mas isso não quer
dizer que devamos escolher, votar, em qualquer um. A pessoa que apresentar
maior condição de gerenciar a sociedade deveria, em tese, ser a indicada para
representar o cidadão no Executivo.
De modo que aquela pessoa que diz uma coisa e
faz outra totalmente diferente daquilo que defende, ao nosso ver, deveria ser
expurgada do processo democrático.
E porque digo isso? Simples: nos últimos dias
a cidade de Grossos observou,via redes sociais, a enxurrada de fotos de candidatos ao
Executivo em visitação. Em uma clara demonstração de desrespeito à vida do
outro. Diziam eles que, direta ou indiretamente, antes dessas imagens, que
estariam interessadas na saúde do cidadão. Mas como estão interessados na saúde
se poderiam estar, por exemplo, transmitindo o vírus da Covid-19?
A política do século 21 está diferente de
tudo o que se viu no passado. Essa pandemia veio para que pudéssemos mudar
certos hábitos e que transformássemos a sociedade em si. Mas alguns continuam
insistindo em velhas práticas e não estão nem aí para o futuro do outro. O que
interessa é somente a concretização de um projeto político que, aos olhos de
quem quer enxergar a realidade, estaria centrado apenas na individualidade e
não na coletividade.
O que é realmente entristecedor. Mas o caráter da política
de acordo com os ensinamentos que vem dos gregos, é a da serventia coletiva, do
pensar coletivo e de discutir os problemas da cidade de maneira ampla.
No texto Igualdade e Liberdade, Norberto
Bobbio, um dos clássicos da Ciência Política, disciplina também conhecida como
Teoria Geral do Estado, nos aponta para a necessidade de enxergarmos o óbvio: o
fato de alguém ser livre para fazer a sua política não implica dizer que deva
invadir a liberdade do outro. De modo que é preciso observar o básico do
básico: todos, absolutamente todos, devem ser respeitados.
E ainda mais agora,
quando uma pandemia põe em risco a vida da sociedade inteira. A pessoa pode
estar bem, por fora, mas por dentro pode estar acometida por algum mal. E
sabe-se que o vírus da Covid-19 está matando quem tem alguma doença
preexistente. Portanto, aos que dizem uma coisa e fazem outra, respeitem a
vida.
O momento não é buscar a concretização de algo pessoal, individual.
Reflitam se o que estão fazendo é, realmente, o certo. E se for, sugiro que
repensem seus atos para que, no futuro, não sejam responsabilizados por algo
bem maior do que uma simples visita.
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