Prefeitura Municipal de Assú

terça-feira, 14 de abril de 2020

... Imagine o que virá com o 20

Sabe aquela música de Lulu Santos, que tem como uma das partes mais conhecidas a afirmação "... nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia..." Pois é. Nada realmente será do mesmo jeito. Aliás, nunca foi. A letra da música em questão remete à teoria de Heráclito de Éfeso, de que tudo muda, tudo flui o tempo todo. De modo que nunca vivenciaremos algo duas vezes.

O novo Coronavírus apenas trouxe à baila o que Heráclito disse lá na Grécia Antiga. De março para cá, especificamente no Rio Grande do Norte, grande parte da população vive esse dilema: de não saber se o que era antes voltará. Pensar assim, sobre a possibilidade da concretização do passado, é até admissível. Mas difícil é a concretização. Nada volta. Tudo passa. E, pegando onda na piada infame: tudo passa. Até a uva passa.

Um problema que afeta a todos. Sem distinção. Parece que o mundo passou a ser um só. E todos passamos a ser meras estrelas sem definição, no dizer (em outras palavras) do professor Clóvis de Barros, doutor em Ética da Universidade de São Paulo e um dos principais nomes da Filosofia no Brasil na contemporaneidade.

Será que precisávamos dessa parada? Desse olhar diferenciado que o mundo passou a ter para si? Óbvio que existem restrições e a análise antropológica cede lugar, aqui, ali e acolá, para aspectos meramente econômicos. Como se a vida valesse, como fez Judas com Cristo, meras 30 moedas.

É preciso, neste momento, que olhemos para dentro de nós mesmos e encontremos força para darmos vazão ao que realmente somos. Mas, então, será que antes da pandemia não éramos nada mais do que uma projeção de algo inexistente? Uma dúvida cruel que passa a ocupar, de maneira ampla  e desavergonhada, a mente de quem se propõe a pensar sobre o futuro da vida. Se é que pode existir algum.

O aspecto capitalista surge agora, mais do que nunca, como ditador de regras que apenas evidenciam a chamada "vida como ela é". E não é nenhum conto de Nelson Rodrigues. Se o Covid-19 pôs todos esses dilemas para fora, imagine o que que virá com o 20

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