Por Genivan Vale *
Nos últimos dias temos visto nas rádios, televisão e outdoors da cidade, a belíssima publicidade da Prefeitura de Mossoró anunciando o novo transporte público para junho. Serão 35 novos ônibus. A qualidade da publicidade leva a crer que a partir de agora os mossoroentes terão um transporte público de qualidade, no entanto, alguns detalhes que não aparecem na propaganda remetem a uma preocupante realidade.
Nos últimos dias temos visto nas rádios, televisão e outdoors da cidade, a belíssima publicidade da Prefeitura de Mossoró anunciando o novo transporte público para junho. Serão 35 novos ônibus. A qualidade da publicidade leva a crer que a partir de agora os mossoroentes terão um transporte público de qualidade, no entanto, alguns detalhes que não aparecem na propaganda remetem a uma preocupante realidade.
Nas peças publicitárias, a Prefeitura
esquece de dizer que a nova frota faz parte de um contrato emergencial de 180
dias. Após esse prazo será preciso fazer uma licitação e oferecer atrativos
para que ela não seja vazia. Também não fica claro que a chega dos novos ônibus
implicará na saída dos 18 ônibus já existentes. Isso significa que os 35 ônibus
não irão somar à atual frota. Os 18 atuais serão trocados por 35 novos, ou
seja, a frota irá aumentar em 17 veículos.
Em discurso durante a solenidade de
emancipação política de Mossoró, realizada em março no Teatro Dix-huit Rosado,
o prefeito Francisco José Júnior anunciou que iria resolver o problema do
transporte coletivo em Mossoró. Mas é muito otimismo acreditar que o problema
do transporte coletivo não se resolva com 35 ônibus emergenciais e uma bela
publicidade. É preciso muito mais.
Levando em conta os números, ao
fazermos um comparativo de Mossoró com outras cidades de estados vizinhos do
mesmo porte vemos o quão a frota proposta está longe de ser suficiente. Em
Juazeiro do Norte, no Ceará, são 63 ônibus em circulação para atender 250
habitantes, numa média de um ônibus para cada quatro mil habitantes. Em Campina
Grande, na Paraíba, o número de ônibus é bem mais superior. São 223 para a
população de 358 mil habitantes, o que representa uma média de um ônibus para
cada 1.500 habitantes.
Ao vermos esses números, temos a
noção do quanto Mossoró precisa avançar. Hoje são 18 ônibus para atender 284
mil habitantes, representando uma média de um ônibus para cada 15 mil
habitantes. Com a nova frota anunciada pela Prefeitura para o próximo mês, a
média cai para um a cada oito mil. Ainda assim, metade da média de Juazeiro do
Norte e quase seis vezes menor que a de Campina Grande.
A frota proposta pela prefeitura para
este ano chega a ser inferior a existente em Mosoró em 2009, quando o município
tinha 36 veículos circulando. Na época,
segundo levantamento feito pela então Gerência Executiva de Trânsito, seriam
necessários em torno de 70 a 80 ônibus para atender a atual população de 242
mil habitantes. Proporcionalmente, hoje seja número ideia seria de 94 ônibus.
O que é ainda mais
preocupante, é que o para chegar perto desse número tido como ideal é preciso
tronar o transporte público de Mossoró atraente para os empresários. E essa é a
grande dificuldade. Hoje o grande número de táxis-lotação, mototaxistas e o
transporte clandestino são os principais empecilhos apontados pelos empresários
para o fortalecimento dos ônibus. Porém não se pode simplesmente tirar a
concessão desses transportes e deixar milhares de pais de família sem emprego.
No nosso entendimento, uma proposta viável para resolver esse impasse seria a
criação de um sistema de cooperativa, onde os taxistas poderiam ser sócios de
veículos destinados ao transporte público.
De uma coisa é
certa: é preciso ter coragem para oferecer um transporte público de verdade e
não é com propaganda que a prefeitura vai conseguir isso. A colocação de 35
ônibus é o primeiro passo, mas não é o suficiente para resolver de uma vez por
todas o problema do transporte coletivo. É preciso mais. Muito mais.
* Vereador de Mossoró
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