Não se deve estranhar se PSD e PP saírem juntos nas
eleições deste ano. Foi o que afirmou o prefeito Silveira Júnior (PSD),
pré-candidato à reeleição, ao comentar sobre a ida da professora Izaura Rosado
à Fundação José Augusto e indicada pelo PP. Ocorre que o Partido Progressista
tem uma pré-candidata, que é a ex-governadora e ex-prefeita Rosalba Ciarlini.
Nesta entrevista, o prefeito fala sobre o tema, rebate críticas feitas por
Rosalba e discorre sobre PT e composição da chapa proporcional. Veja abaixo:
O
ano de 2016 tem a particularidade de reduzir o período administrativo em
virtude das eleições. Como o senhor pretende trabalhar obras, editais e
serviços?
De maneira alguma. A redução do período
administrativo não tem relação com as eleições. O expediente corrido, das 7h às
13h, já vem sendo adotado desde o ano passado, como medida para redução de
custeio, como energia, água, combustível, entre outros. Acredito que 80% ou
mais dos prefeitos do Rio Grande do Norte adotaram essa medida. No entanto,
isso não prejudica obras ou serviços, pois todos os servidores estão empenhados
para cumprir suas atribuições dentro do expediente corrido.
Qual
a projeção que se pode fazer, administrativamente, para este ano?
A melhor possível. Estamos enfrentando a maior
crise da história e estamos conseguindo manter os serviços essenciais
funcionando, conseguindo manter a folha em dia, e até conseguindo abrir novos
serviços. Há muita coisa que plantamos e ainda vamos colher, como o nosso
parque municipal e muitas obras que iremos entregar ainda esse ano.
O
senhor lançou, recentemente, o Parque Municipal e expôs a maquete do Santuário
de Santa Luzia. Dará tempo para apresentar algo concreto à população?
O Parque Municipal é uma realidade. As pistas já
estão 90% concluídas, assim como o Pórtico. Iremos agora iniciar a iluminação e
em junho começaremos as quadras e equipamentos de praças e parques. A
previsão é de que em 1º de julho possamos entregar uma parte do parque e a
outra parte até dezembro. Sobre o Santuário de Santa Luzia, tudo que estava ao
nosso alcance, nós já fizemos. Não terá dinheiro público. Terá a participação
da iniciativa privada e será uma obra para a história. Será uma nova cadeia
produtiva, que irá fomentar 52 segmentos, gerando emprego e renda.
Como
o senhor tem trabalhado para quitar dívidas, pagar servidores e, ao mesmo
tempo, equilibrar as finanças na atual conjuntura econômica do País?
Desde que assumimos a Prefeitura de Mossoró,
iniciamos um trabalho de redução dos gastos com o dinheiro público, a começar
com o fim da personificação dos símbolos da Prefeitura, o que resultou em uma
economia de quatro a cinco milhões de reais. A cada quatro anos, mudava-se tudo
na Prefeitura. Cores, adesivos, fardas, pintura de prédios, tudo com as cores
adotadas pela nova gestão. Depois realizamos uma auditoria na folha de
pagamento e conseguimos reduzir mais de um milhão de reais. Outra medida
foi o controle dos plantões e horas extras. Quando assumimos encontramos o
absurdo da utilização de plantões e horas extras como complemento salarial para
alguns profissionais. Hoje, esse pagamento é feito a quem realmente tem
direito, aos profissionais que trabalham nesses plantões. Recentemente
implantamos o almoxarifado central, que acarreta uma economia de 30% a 40%.
Também conseguimos reduzir custos com a implantação da usina de oxigênio, que
possibilitou que deixássemos de gastar meio milhão de reais por mês, para gastar
meio milhão de reais por ano. Reduzimos as secretarias, de 19 para 11. E graças
a todas essas reduções, estamos conseguindo enfrentar a pior crise da história
desse país. Estamos administrando a Prefeitura com uma receita de cem milhões
de reais a menos que os anos anteriores. Sempre digo que crise passa, e quando
essa passar, estaremos bem situados e poderemos avançar muito com obras,
infraestrutura e melhorias para o servidor e para a nossa cidade.
Recentemente
o PT saí da sua base. Como o senhor viu essa decisão?
O PT ainda não saiu oficialmente. Foi uma decisão
da executiva, e esperamos ainda espera que o partido continue na nossa
base. Temos bons aliados, pessoas que constroem, que opinam e participam do
nosso governo. Espero que continuem, mas qualquer que seja a decisão, nós vamos
respeitar.
A
ex-governadora Rosalba Ciarlini, em recente aparição na propaganda do PP, fez
críticas à sua administração, indiretamente....
Não tenho nada contra a ex-governadora Rosalba
Ciarlini, votei nela inúmeras vezes e só posso lamentar a atitude da
ex-governadora em usar um programa político de TV, que tem o objetivo de
apresentar propostas ao eleitor para criticar um gestor. Me impressiona ainda
mais porque ela passou por isso, de forma pelo menos dez vezes menor do
que estamos passando. Ao contrário do que ela disse no programa, quando foi
governadora, ela teve que demitir mais de mil funcionários do MEIOS. Quando foi
prefeita, também demitiu mais de mil pessoas da Prefeitura. Nós, ao
contrário, conseguimos contratar mais de 600 pessoas em dois anos, ao invés de
demitir. Me impressiona essas críticas partindo de uma governadora que
atrasou folha e teve seu governo marcado por escândalos. Talvez ela não
queira reconhecer que estamos pagando a folha em dia, abrindo novos
serviços, e conseguindo tirar do papel todas as propostas que estavam no
nosso plano de governo, mesmo com cem milhões de reais a menos, ao contrário do
que ela fez. Ela prometeu uma obra no Nogueirão no valor de R$ 40
milhões, apresentou até uma maquete, e não foi feito. O
Teatro Lauro Monte, também não conseguiu reabrir. Teve oportunidade de
resolver o plus da oncologia de Mossoró e também não resolveu.
Foi um governo pífio, que deixou muito a desejar, em uma crise que não chega
a ser 10% da atual. Se você comparar, o governo dela na época em que o
município ia muito bem, não foi construído um hospital municipal, não foi
construída uma maternidade e não foi construída nenhuma obra que hoje desse
sustentabilidade à cidade, apesar de haver recurso para isso. Ela sempre
confiou no sal, petróleo e fruticultura, não fez nada para aquecer e
fomentar essas cadeias, e também não se preocupou em criar uma nova cadeia
produtiva para Mossoró. Um dos grandes problemas que estamos passando
hoje é a falta de investimento para termos retorno, que deveria ter sido
planejado no passado e não foi. Nós estamos pensando na Mossoró de agora, e de
amanhã, a exemplo do Santuário de Santa Luzia.
O
senhor vai à reeleição?
Reeleição é algo que vou decidir na época certa. Em
virtude da crise, não podemos pensar na administração e na eleição. Eu
preferi tomar essa decisão juntamente com meu presidente de partido, somente no
mês de julho. Mas, se você analisar, os últimos gestores de Mossoró, Fafá Rosado,
Rosalba Rosado e Dix-huit Rosado, tiveram de 8 a 12 anos. Nós estamos
somente há dois anos e enfrentamos a pior crise da história. Fica quase
impossível resolver todos os problemas da cidade em apenas três anos.
Conseguimos resolver problemas graves, que ninguém nunca tinha tido coragem
para resolver, como o transporte público, o Nogueirão, a maternidade, mas nós
precisaríamos de mais tempo para implementar toda a mudança que pretendemos. Se
conseguirmos viabilizar o nosso nome, estamos sim pensando em uma candidatura
de reeleição, mas só vamos decidir na época certa.
Especulou-se
que a ida da professora Izaura Rosado, cunhada da ex-governadora Rosalba
Ciarlini, para a Fundação José Augusto, teria passado por Mossoró. O governador
Robinson Faria conversou com o senhor sobre o fato?
Conversou sim. O PP é aliado do governador e o
deputado Beto Rosado esteve nas eleições com o governador Robinson Faria.
Inclusive eu ajudei nessa coligação. Eu fui o advogado de Beto Rosado nas
eleições de 2014 para viabilizar essa união. Com essa saída do PT do governo,
abriram-se novos cargos, e era normal que o governador convidasse o PP, que é
um partido aliado e não estava participando do governo. Vejo como um
fortalecimento. Vejo que o PP está cada vez mais próximo do governador
Robinson, que é nosso líder maior, e para mim não seria surpresa, se nas
eleições desse ano, os dois partidos estivessem juntos.
Como
o senhor pretende conduzir o processo de aliança às eleições deste ano? Já tem
conversas sobre a composição da chapa?
No período de pré-campanha saímos muito
fortalecidos. Acredito que dos grupos que pretendem concorrer nas eleições
desse ano, o nosso grupo foi o que saiu mais fortalecido. Saímos com 16
partidos, dos 30 existentes. Saímos com 167 pré-candidatos a vereador, com o
maior tempo de televisão, com o maior número de vereadores com mandato.
Acredito também que nos fortalecemos muito com a filiação do Reitor Pedro
Fernandes. Isso nos deixa em uma situação mais tranquila em relação aos outros
candidatos, mas nós vamos conversar sobre composição de chapa e sobre
candidatura somente em julho.
Qual
será a ideia a ser trabalhada com relação à chapa proporcional?
Nós temos 16 partidos na chapa proporcional. Vamos
esperar essa decisão do PT, caso ele saia, nós iremos sair com 15. A ideia
é sair com cinco coligações, de três partidos, cada uma. E pretendemos eleger
de 14 a 16 vereadores.