Prefeitura Municipal de Assú

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Mossoró vai acabar se tornando obra de ficção


Uma personagem administra Mossoró. E, talvez por isso, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte esteja perdida em algum lugar do passado. Em vez de se visualizar avanço no tempo, a cidade regride décadas. A começar pelo comportamento administrativo que se percebe aqui, ali e acolá. A gestão que tomou conta de Mossoró a partir de janeiro de 2021 segue impondo regra do chapéu de couro como algo que lembrasse a força e a coragem do povo nordestino. Mas agora, diferentemente do que se viveu na década de 1920, quando da invasão de Lampião, a sede não é mais por vingança ou expulsão, e sim de sobrevivência e de garantia de direitos.

Quando o blog afirma que uma personagem administra a cidade é porque assim se caracteriza o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade). Faça chuva ou sol, tenha ou não o que dizer, lá está ele de aparício, de foto em foto, enfatizando que é um “Prefeito Raiz.” O que, na verdade não procede. O pinho fechado, sinalizando força, por exemplo, não passa de uma pose para os flashes se amostrarem no meio de quem assiste tal cena. Passado o momento, o chapéu é tirado, o punho fechado se desfaz e a cidade volta ao que nunca foi.

Quem está orientando esse marketing blefa. O símbolo de bravura só existe na ideia. Na prática, a coisa é outra. Porque bravura tem ligação direta com honestidade. Sim, porque quem é bravo é honesto consigo mesmo. E, com todo respeito a quem criou a personagem que se vê quase diariamente nas ruas e nas fotos, Mossoró não sente essa ligação de uma coisa com outra.

Hoje mesmo (leia aqui), por exemplo, saiu uma foto em que o prefeito estava na vizinha cidade de Grossos, para onde foi sabe-se lá fazer o que, porque ali não lhe cabia. A imagem mostrava ele, ao lado do presidente da Câmara Municipal de Mossoró, vereador Lawrence Amorim (Solidariedade), em meio a figuras da política grossense. Todos ali para declarar apoio ao projeto político de Lawrence, que quer ser deputado federal.

E, com isso, voltamos à personagem: o que o prefeito de Mossoró estava fazendo em Grossos em pleno horário de expediente? Não seria correto estar na sua cidade, tentando resolver os problemas que se acumulam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), em vez de se preocupar em estar em fotos, cerrar o punho e mostrar uma aparente força política?

A grandeza de um político se traduz pela sua capacidade de resolver problemas. O que não seria o caso de Mossoró. A cidade se apequena a cada detalhe, a cada flash, a cada dor sofrida por quem está na periferia. Por sinal, os bairros periféricos clamam por socorro. As pessoas não suportam mais a ausência do poder público. Mas, para quem orienta o mandatário, melhor estar com o chapéu de couro em fotos e em outras cidades do que olhar para o sofrimento de sua gente.

 

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