Quando você quer vender um produto tem que trabalhar com uma boa propaganda, um bom marketing. Mas não quer dizer que um bom marketing trabalhe com ética, com a verdade. O Brasil inteiro, de norte a sul, apresentou peças publicitárias bem projetadas, bem elaboradas e que, ao final das eleições, conseguiram o resultado esperado. E volte-se a dizer: isso não significa que o melhor venceu. O vitorioso foi aquele que obteve mais votos, é óbvio. O que se medirá, a partir de janeiro, é a capacidade administrativa que o eleito ou a eleita terá. E é bom frisar que existem dois parâmetros para se conferir um bom gestor: o que pega a casa arrumada e o que pega muito por fazer.
Assim sendo, o prefeito eleito Allyson Bezerra
(Solidariedade), deputado estadual na metade do primeiro mandato, terá que
fazer jus à vitória obtida nas urnas. Não que ele não mereça ter sido o eleito.
E sim pela trajetória politica, pouca, é verdade, de prometer e mão cumprir. A
diferença é que Allyson vai pegar a casa organizada, sem muito a ser feito.
Lógico que vai encontrar problemas. Pensar em uma administração, seja ela qual
for e visualizar que seria perfeita, isso não existe. Mas não será, por
exemplo, do jeito que Rosalba Ciarlini herdou da gestão que o próprio Allyson
Bezerra apoiou em 2016. Embora tenha negado, com veemência, que teve ligações
políticas com o “silveirismo”.
Por sinal, negar apoios e o próprio passado foi a
marca da campanha do prefeito eleito de Mossoró. E ele apenas seguiu uma
estratégia do seu marketing. O blog, cá com seus botões, reflete: uma mentira,
por mais que seja por uma “boa causa” vai ser sempre uma mentira. No caso de
Allyson Bezerra, ele já vai começar a administrar a segunda maior cidade do Rio
Grande do Norte meio que desacreditado por boa parte dos cidadãos. E terá que
se desdobrar para trabalhar a ideia de que, prefeito empossado, estará dizendo
a verdade. Já é um começo complicado. Isso na esfera da moral. No campo
administrativo espera-se que ele não tenha problemas, já que passou a ideia de
que somente ele poderia sanar supostos problemas.
E negou, também, que tenha recebido o apoio do ex-governador Robinson Faria (PSD). Embora esse apoio estivesse mais que evidente na própria chapa, com a presença do empresário Fernandinho das Padarias (PSD). Uma indicação clara evidente de Robinson Faria. O apoio foi tão certo que logo após o anúncio feito pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da vitória de Allyson em Mossoró, o ex-governador o parabenizou pelo feito. Certamente espera retorno em 2022, quando Robinson deverá disputar mandato de deputado estadual. A “lei” é clara, nesse sentido, e fazendo analogia a um ditado popular: “aqui se faz, aqui se paga.” Implica dizer que a fatura virá mais adiante. É aguardar.
Allyson Bezerra também fez “ouvido de mercador”
para a situação provocada pelo seu candidato a vice-prefeito, que apareceu em
lista do Tribunal de Contas da União (TCU) como beneficiário de cinco parcelas
do Auxílio Emergencial. Mesmo sendo empresário epossuidor de patrimônio
informado à Justiça Eleitoral em R$ 400 mil. Fernandinho até tentou explicar
que tinha sido alvo de fraudadores. Não convenceu. Disse que tinha devolvido o
dinheiro, R$ 3 mil, em 16 de setembro. Mas o pagamento foi efetivado somente em
10 de novembro. Bem depois. E, com isso, expôs grave problema de ordem ética e
moral, da qual Allyson correu léguas e não disse uma palavra. Agora, prefeito
eleito, espera-se que ele, quando assumir, seja transparente. Afinal, ele vai
cuidar de um patrimônio que pertence a mais de 300 mil pessoas.
Também é bom frisar que Allyson Bezerra foi
beneficiado pela onda de críticas exageradas feitas por setores da imprensa
virtual de Mossoró contra a administração Rosalba Ciarlini. Blogs e portais com claros interesses financeiros e
políticos, além de outros segmentos da comunicação. A prefeita Rosalba Ciarlini
foi severamente criticada. E na maioria dos comentários, percebia-se outra
leitura. E quando se pesquisava-se ligação de portais e blogs com políticos,
seja institucionalmente, direta ou indiretamente, ali estava a suposta resposta
para tudo. Não que não se possa fazer isso. Mas ficou tudo muito evidente.
E veio a campanha: Rosalba foi a preferida do
ataque de três candidatos. Ela sabia que poderia ganhar ou perder. Até porque
faz parte do processo eleitoral. E ganha, realmente, quem tem mais votos. E isso
não quer dize que tenha sido voto consciente. A indução foi um dos elementos
chaves para a vitória de Allyson Bezerra. Pesquisas atrás de pesquisas foram lançadas
em Mossoró. É óbvio que o eleitor menos atento vai se deixar induzir por
números. E, como já foi dito neste espaço: a matemática é uma exata, uma ciência
exata, algo totalmente diferente dos números. Números podem não refletir alguma
verdade. Mas podem auxiliar à sua aproximação. E terá sido esse exemplo que se
viu em Mossoró.
Rosalba não sai derrotada. Pelo contrário: fez o que poderia fazer. Se o cidadão não compreendeu o que foi feito, em termos de recuperação administrativa, aí é outra história. Rosalba vai deixar a Prefeitura de Mossoró com recursos para obras. Assim como fez no Governo do Estado. E certamente deve deixar o cargo com a consciência tranquila de que deu o seu melhor para Mossoró. Esta é a opinião do blog.
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