A deputada estadual Isolda Dantas é a
entrevistada da semana pelo blog. O contato foi mantido na segunda-feira e
nesta terça-feira as respostas estavam no whatsApp. Nove perguntas foram
enviadas. Todas respondidas. Isolda afirma que o PT está aberto ao diálogo,
embora tenha tido o nome lançado à Prefeitura de Mossoró pela governadora
Fátima Bezerra. Nesta entrevista, os temas “diálogo”, “oposição” e “mudança”
são citados pela deputada. Confira abaixo a conversa:
O PT está aberto para conversar com outros partidos? Qual
será o tom do diálogo?
O PT sempre esteve aberto ao diálogo, seja a
nível nacional, estadual, municipal. Especialmente aqui em Mossoró a gente
sempre esteve aberto ao diálogo. A última vez que o PT Mossoró teve candidatura
própria foi em 2004. Isso prova nossa capacidade de construção do que a
conjuntura exige e o tom do diálogo vai ser construir um projeto político que
possa fazer Mossoró entrar na rota do desenvolvimento que outras cidades
entraram. Cidades na Paraíba, no Ceará que romperam com as oligarquias e
apresentam, hoje, um crescimento significativo para o que a população precisa.
O fato da governadora Fátima Bezerra ter anunciado que a senhora será a candidata
do partido à Prefeitura não emperra conversa com outros partidos?
Não. Na verdade não existe espaço vazio na
política. Esse é o momento de ocupação de espaço. Assim como nós do PT, outros
partidos também lançaram pré-candidatura é isso, de forma nenhuma, emperra de
estabelecer uma conversa. A política é feita do exercício de dizer e de ouvir.
Então isso é o que estamos fazendo: apresentando alternativa de nomes e
dialogando com outros partidos como o PCdoB que, inclusive, já tem também uma
pré-candidatura. Nossa candidatura apenas estimula a conjuntura de ter mais
opções de uma frente pra uma real disputa do processo eleitoral.
Existe espaços para a oposição se unir e lançar só um
candidato?
Acho que existe. Acho que é necessário. Se
vamos alcançar isso, o processo dirá. Isso já esteve mais distante. Agora
estamos na reta final de conversas e definições mas também acho que na política
nada é determinista. Ao final, nós poderemos ter mais de uma candidatura da
oposição, mas isso vai depender do esforço que cada um fará e nós do PT faremos
o possível para que ocorra uma união. Nós acreditamos nisso.
Como a senhora vê o atual momento da oposição?
A oposição nunca foi tão forte. Acompanhando
a política de Mossoró a muitos anos e vemos que há uma viabilidade da oposição,
uma condição real para que afirme uma vitória eleitoral da oposição frente à
Rosalba que sempre foi considerada imbatível e, hoje, Rosalba não é mais
imbatível. O desgaste da sua gestão desde governadora com desprezo por Mossoró
somado ao desastre desta gestão, agora, total descaso. Qual é o programa social
que Rosalba apresentou nestes quatros anos?! Nenhum! A pobreza só cresce na
nossa cidade. A gente olha os números e no início de sua gestão, 34% da
população de Mossoró vivia com menos de um salário mínimo. Este número aumentou
significantemente e não há nada que a prefeitura faça. Nem o básico do básico a
prefeitura conseguiu fazer. A gente olha pra saúde é teto caindo, upas
funcionando precariamente. Educação não há nada de novo pra mostrar. Eu sempre
olho programa de governo de Rosalba. Ela apresentou na campanha que Mossoró
seria a cidade do futuro. E nem um tal de aplicativo pra marcar consulta não
foi realizado. Foi feito um aplicativo pela empresa de ônibus e não pela gestão
dela que é desastrosa. As eleições de 2018 apresentaram que o eleitorado de
Mossoró tem prestado atenção nessas coisas. 2020 promete ser uma virada de página
onde novas lideranças se consolidarão em Mossoró e essa nova liderança virá da
oposição.
Existem alguns nomes em discussão. O PT pode abrir mão do
projeto já anunciado para apoiar outro nome?
Primeiro que o debate não parte de nomes. O
PT dialoga a partir da política, a partir das posições políticas e do que vai
se constituir com os aliados. Nomes são consequências de quem vai ser porta-voz
do projeto. O nome não será impeditivo. O definidor vai ser o que construirmos
coletivamente e o que vamos apresentar para Mossoró em 2020.
A senhora foi secretaria do prefeito Silveira Júnior...
Não teme que haja ligação com uma administração que deixou a desejar?
Se for pra olhar pro retrovisor, temos que
olhar pra gestão de Rosalba que sequer conseguiu cumprir uma meta de seu
programa de governo. O debate precisa ser atualizado pra vida real e o
cotidiano das pessoas. Quatro anos, salários atrasados, contratos sem
licitações, aumento do contrato do lixo, é isso que tem que ser o central. A
partir disso que se constrói novos projetos e não do que ficou pra trás. Os
equívocos deverão ser corrigidos por quem está na gestão de agora.
O que leva a senhora a pensar na Prefeitura de Mossoró?
Não é Isolda que pensa na prefeitura de
Mossoró. É a necessidade de um projeto político pra está cidade. O PT governou
o Brasil e mostrou que é possível governar para as pessoas mais pobres. O que
nos queremos pra Mossoró é que se tenha uma gestão que olhe pras pessoas. Uma
gestão que perceba que se as pessoas não estiverem vivendo bem, o município não
está bem. São as pessoas que fazem a vida acontecer. Não se trata do meu
pensamento, mas de um projeto que faça o encontro do passado no presente
pensando um melhor futuro. Nosso projeto enquanto PT é que Mossoró possa criar
bases para o desenvolvimento.
O que estaria faltando para a cidade concretizar o que se
costuma dizer há tempos, sobre ser capital do Oeste?
Em diálogo com o setor empresarial, com os
movimentos sociais, pensando o desenvolvimento sustentável. Nós temos que
colocar a serviço das pessoas o que há de mais moderno e sustentável como
energia solar, gás, tudo que temos de bens naturais para o bem estar do povo e
não só do lucro. Nós temos gás, petróleo, sal, vento, e a prefeitura precisa
preparar a cidade pra isso. Aliás, Mossoró já deveria estar preparada para esse
boom das energias renováveis e dos bens naturais e não está. Mas há tempo.
Mossoró, que tem um papel central no desenvolvimento do Estado, precisa de um
projeto político que vise uma nova gestão com novas perspectivas é o que
Mossoró merece.
O governo Fátima Bezerra tem enfrentado dificuldades.
Esse fator pode ameaçar o projeto do PT em Mossoró?
Muito pelo contrário. O governo do Estado tem
dado exemplo de como enfrentar as dificuldades. O caos do RN não foi o governo
de Fátima que criou, mas é a governadora que está, aos poucos, construindo
bases para ajustar o estado, colocando a serviço de quem precisa dele como
reajuste das contas do estado, relação com os servidores, fornecedores, diálogo
com a sociedade em geral. Acho, inclusive, que o governo de Fátima nos inspira
para recuperar Mossoró. O próximo prefeito ou prefeita vai encontrar nossa
cidade como Fátima encontrou o RN. E vai ser preciso muita garra com projeto
inovador e encorajador para tirar Mossoró desta paralisia das últimas décadas.
Mossoró quer, precisa. É tempo de mudança!
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