Prefeitura Municipal de Assú

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

'Na verdade não existe espaço vazio na política', diz Isolda Dantas


A deputada estadual Isolda Dantas é a entrevistada da semana pelo blog. O contato foi mantido na segunda-feira e nesta terça-feira as respostas estavam no whatsApp. Nove perguntas foram enviadas. Todas respondidas. Isolda afirma que o PT está aberto ao diálogo, embora tenha tido o nome lançado à Prefeitura de Mossoró pela governadora Fátima Bezerra. Nesta entrevista, os temas “diálogo”, “oposição” e “mudança” são citados pela deputada. Confira abaixo a conversa:

O PT está aberto para conversar com outros partidos? Qual será o tom do diálogo?
O PT sempre esteve aberto ao diálogo, seja a nível nacional, estadual, municipal. Especialmente aqui em Mossoró a gente sempre esteve aberto ao diálogo. A última vez que o PT Mossoró teve candidatura própria foi em 2004. Isso prova nossa capacidade de construção do que a conjuntura exige e o tom do diálogo vai ser construir um projeto político que possa fazer Mossoró entrar na rota do desenvolvimento que outras cidades entraram. Cidades na Paraíba, no Ceará que romperam com as oligarquias e apresentam, hoje, um crescimento significativo para o que a população precisa.

O fato da governadora  Fátima  Bezerra  ter anunciado que a senhora será a candidata do partido à Prefeitura não emperra conversa com outros partidos?
Não. Na verdade não existe espaço vazio na política. Esse é o momento de ocupação de espaço. Assim como nós do PT, outros partidos também lançaram pré-candidatura é isso, de forma nenhuma, emperra de estabelecer uma conversa. A política é feita do exercício de dizer e de ouvir. Então isso é o que estamos fazendo: apresentando alternativa de nomes e dialogando com outros partidos como o PCdoB que, inclusive, já tem também uma pré-candidatura. Nossa candidatura apenas estimula a conjuntura de ter mais opções de uma frente pra uma real disputa do processo eleitoral.

Existe espaços para a oposição se unir e lançar só um candidato?
Acho que existe. Acho que é necessário. Se vamos alcançar isso, o processo dirá. Isso já esteve mais distante. Agora estamos na reta final de conversas e definições mas também acho que na política nada é determinista. Ao final, nós poderemos ter mais de uma candidatura da oposição, mas isso vai depender do esforço que cada um fará e nós do PT faremos o possível para que ocorra uma união. Nós acreditamos nisso.

Como a senhora vê o atual momento da oposição?
A oposição nunca foi tão forte. Acompanhando a política de Mossoró a muitos anos e vemos que há uma viabilidade da oposição, uma condição real para que afirme uma vitória eleitoral da oposição frente à Rosalba que sempre foi considerada imbatível e, hoje, Rosalba não é mais imbatível. O desgaste da sua gestão desde governadora com desprezo por Mossoró somado ao desastre desta gestão, agora, total descaso. Qual é o programa social que Rosalba apresentou nestes quatros anos?! Nenhum! A pobreza só cresce na nossa cidade. A gente olha os números e no início de sua gestão, 34% da população de Mossoró vivia com menos de um salário mínimo. Este número aumentou significantemente e não há nada que a prefeitura faça. Nem o básico do básico a prefeitura conseguiu fazer. A gente olha pra saúde é teto caindo, upas funcionando precariamente. Educação não há nada de novo pra mostrar. Eu sempre olho programa de governo de Rosalba. Ela apresentou na campanha que Mossoró seria a cidade do futuro. E nem um tal de aplicativo pra marcar consulta não foi realizado. Foi feito um aplicativo pela empresa de ônibus e não pela gestão dela que é desastrosa. As eleições de 2018 apresentaram que o eleitorado de Mossoró tem prestado atenção nessas coisas. 2020 promete ser uma virada de página onde novas lideranças se consolidarão em Mossoró e essa nova liderança virá da oposição.

Existem alguns nomes em discussão. O PT pode abrir mão do projeto já anunciado para apoiar outro nome?
Primeiro que o debate não parte de nomes. O PT dialoga a partir da política, a partir das posições políticas e do que vai se constituir com os aliados. Nomes são consequências de quem vai ser porta-voz do projeto. O nome não será impeditivo. O definidor vai ser o que construirmos coletivamente e o que vamos apresentar para Mossoró em 2020.

A senhora foi secretaria do prefeito Silveira Júnior... Não teme que haja ligação com uma administração que deixou a desejar?
Se for pra olhar pro retrovisor, temos que olhar pra gestão de Rosalba que sequer conseguiu cumprir uma meta de seu programa de governo. O debate precisa ser atualizado pra vida real e o cotidiano das pessoas. Quatro anos, salários atrasados, contratos sem licitações, aumento do contrato do lixo, é isso que tem que ser o central. A partir disso que se constrói novos projetos e não do que ficou pra trás. Os equívocos deverão ser corrigidos por quem está na gestão de agora.

O que leva a senhora a pensar na Prefeitura de Mossoró?
Não é Isolda que pensa na prefeitura de Mossoró. É a necessidade de um projeto político pra está cidade. O PT governou o Brasil e mostrou que é possível governar para as pessoas mais pobres. O que nos queremos pra Mossoró é que se tenha uma gestão que olhe pras pessoas. Uma gestão que perceba que se as pessoas não estiverem vivendo bem, o município não está bem. São as pessoas que fazem a vida acontecer. Não se trata do meu pensamento, mas de um projeto que faça o encontro do passado no presente pensando um melhor futuro. Nosso projeto enquanto PT é que Mossoró possa criar bases para o desenvolvimento.

O que estaria faltando para a cidade concretizar o que se costuma dizer há tempos, sobre ser capital do Oeste?
Em diálogo com o setor empresarial, com os movimentos sociais, pensando o desenvolvimento sustentável. Nós temos que colocar a serviço das pessoas o que há de mais moderno e sustentável como energia solar, gás, tudo que temos de bens naturais para o bem estar do povo e não só do lucro. Nós temos gás, petróleo, sal, vento, e a prefeitura precisa preparar a cidade pra isso. Aliás, Mossoró já deveria estar preparada para esse boom das energias renováveis e dos bens naturais e não está. Mas há tempo. Mossoró, que tem um papel central no desenvolvimento do Estado, precisa de um projeto político que vise uma nova gestão com novas perspectivas é o que Mossoró merece.

O governo Fátima Bezerra tem enfrentado dificuldades. Esse fator pode ameaçar o projeto do PT em Mossoró?
Muito pelo contrário. O governo do Estado tem dado exemplo de como enfrentar as dificuldades. O caos do RN não foi o governo de Fátima que criou, mas é a governadora que está, aos poucos, construindo bases para ajustar o estado, colocando a serviço de quem precisa dele como reajuste das contas do estado, relação com os servidores, fornecedores, diálogo com a sociedade em geral. Acho, inclusive, que o governo de Fátima nos inspira para recuperar Mossoró. O próximo prefeito ou prefeita vai encontrar nossa cidade como Fátima encontrou o RN. E vai ser preciso muita garra com projeto inovador e encorajador para tirar Mossoró desta paralisia das últimas décadas. Mossoró quer, precisa. É tempo de mudança!

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